Queixam-se de falta de condições para cursos artísticos nas instalações cedidas pela Câmara de Guimarães à UMinho.
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Os alunos das licenciaturas em Teatro e Artes Visuais da Universidade do Minho (UMinho) estão desiludidos com as condições, no Teatro Jordão e Garagem Avenida (TJGA), onde os cursos estão sediados, desde fevereiro, em Guimarães. A UMinho admite "ajustes" e afirma que está "empenhada em criar as melhores condições pedagógicas".
Os estudantes dos dois cursos saíram à rua com cartazes e palavras de ordem, para chamarem a atenção para o que consideram serem as limitações do TJGA. As duas licenciaturas estão instaladas naquele local desde fevereiro, quando foi concluída a empreitada de recuperação do icónico teatro vimaranense e do espaço contíguo, a Garagem Avenida, em áreas cedidas pela Autarquia de Guimarães, mas da responsabilidade da universidade.
A porta do TJGA foi o local escolhido para lerem o manifesto em que enumeram os problemas. No documento, falam em salas com falta de circulação de ar, espaços de ensaio envidraçados que não salvaguardam a privacidade e de deficiências na rede de Internet. Os universitários queixam-se, também, de não existir bar, cantina e reprografia. "Para comer, a solução é levar marmita. O problema é que só existem dois micro-ondas, duas mesas e algumas cadeiras", diz Helena Figueiredo, aluna de Artes Visuais, uma das representantes dos queixosos.
FALTAM CASAS DE BANHO
A falta de instalações sanitárias é outro problema apontado. "Só há duas - uma para rapazes, outra para raparigas - e quem estiver a ter aulas no último piso tem de descer dois andares para ir à casa de banho". Relativamente a este tema, os alunos denunciam a quebra da promessa de terem casas de banho mistas. Os estudantes de Teatro, afirmam, além disso, que não têm cacifos nem bancos nos balneários.
Para Helena Figueiredo, os espaços foram mal pensados para o uso a que são destinados. "Na oficina de cerâmica temos um forno e não há uma tomada para o ligar. Vamos cozer as peças ao Instituto de Design", diz a aluna. "Nos dois últimos pisos não há pontos de água, por isso não é possível lavar os pincéis", acrescenta.
A aluna lembra que os programas não estão a ser cumpridos porque há espaços ainda por montar, como "é o caso da oficina de metais". O manifesto denuncia também dificuldades de circulação. Não se pode usar "as entradas na parte superior ou na fachada principal do edifício", o curso de Teatro não tem acesso ao palco e os estudantes de Artes Visuais não podem utilizar a galeria, dizem.
O transporte entre os dois campus é outra das contrariedades apresentada no manifesto de seis páginas. Os alunos de Artes Visuais frequentam algumas disciplinas no campus de Gualtar, em Braga, e gostariam de ver incluído na propina o transporte entre as duas cidades.
Posição
Universidade reconhece que são precisos ajustes
Uma parte do Teatro Jordão e Garagem Avenida (TJGA) foram cedidos pelo Município, em regime de comodato, à UMinho, para ali instalar os cursos de Teatro e Artes Visuais. O presidente da Câmara, Domingos Bragança, confrontado com as reclamações, remeteu a questão para a relação dos alunos com a Academia. "O Teatro Jordão está excecionalmente bem requalificado e é isso que interessa", disse. A reitoria da UMinho, contactada pelo JN, reconhece que a instalação num espaço desta dimensão "necessita de ajustes". Os cursos "dispõem do mobiliário e equipamento que usavam anteriormente" e a mudança de instalações permitiu estrear novos equipamentos. A reitoria lembra que a "esmagadora maioria dos edifícios e complexos pedagógicos não incluem espaços para biblioteca ou cantina e que esses serviços são centralizados". A Universidade nega problemas de privacidade ou de circulação de ar e informa que a rede wireless deve ser instalada brevemente.
Dados
120 alunos em Teatro e Artes Visuais
Os universitários frequentam as duas licenciaturas no edifício do Teatro Jordão, no campus de Couros, em Guimarães, desde fevereiro passado.
12 milhões de euros
Foi o valor da refuncionalização dos edifícios do TJGA, correspondendo ao maior projeto de reabilitação, apoiado pelos quadros comunitários, no Norte.