A Câmara de Gondomar pôs em marcha um projeto que visa alertar a comunidade escolar para as necessidades especiais. De olhos vendados, ouvidos tapados ou em cadeiras de rodas, foram várias as crianças que, nesta quarta-feira, aprenderam a lidar com a diferença.
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A pergunta que se faz é: "E se fosse comigo?" Nem todos ouvem, nem todos veem, nem todos caminham, nem todos conseguem apertar os botões de uma camisa. Por este país fora, há muitas crianças que, no seu dia a dia, enfrentam as mais variadas barreiras. Com o objetivo de alertar para essas dificuldades, a Câmara de Gondomar lançou um projeto em que os alunos experimentam desafios e obstáculos, num jogo que os prepara para aceitar a diferença.
Na Escola Básica n.º 1 de Gondomar, a palavra "inclusão" já não era uma novidade. Agora, os alunos do 1.º ciclo também sabem como é difícil andar de muletas, caminhar com os olhos vendados ou perceber o que lhes é dito quando têm os ouvidos tapados. É isso que faz a iniciativa "E se fosse comigo?", dinamizada pela Câmara em parceria com a Associação do Porto de Paralisia Cerebral.
Depois do projeto-piloto, nas férias de verão do ano passado, a iniciativa está em marcha em todos os agrupamentos escolares do concelho. Para já estão inscritas 30 turmas, num universo a rondar os 700 alunos do 1.º ciclo, mas o objetivo é, no futuro, abranger todos os graus de ensino.
Esta quarta-feira foi diferente naquela escola, que também tem alunos com necessidades especiais. Através de um jogo pedagógico, as crianças passaram por várias situações que simulam barreiras do quotidiano, orientadas por técnicos da Câmara que têm formação em diversas áreas. O jogo explora vertentes como comunicação, mobilidade, visão/audição e pequenos gestos que se tornam complicados quando a motricidade fina é afetada.
"O grande objetivo é sensibilizar as nossas crianças e fazê-las vivenciar experiências relacionadas com algum handicap, alguma necessidade especial e, dessa forma, fazê-las compreender as dificuldades e encontrar a melhor forma de poderem ajudar", disse ao JN Luís Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara. O também responsável pelo pelouro da Educação acrescenta outra meta: "É preciso sensibilizar toda a comunidade escolar, incluindo os pais, para esta realidade".
O projeto conta com o contributo da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Fábio Guedes, vice-presidente, explicou-nos que a associação "desenvolve estratégias para escolas" e, neste caso concreto, a tarefa vai no sentido de "capacitar os professores ou os auxiliares e dotá-los de estratégias para trabalhar a inclusão e a diversidade".
Segundo a Câmara, em Gondomar há 1124 crianças que beneficiam de medidas seletivas e adicionais. Dessas, 34 têm um elevado nível de incapacidade.