Alunos de Guilhabreu em Vila do Conde sem autocarros para a escola há mais de um ano
Pais de alunos de Guilhabreu, que frequentam a EB 2, 3 do Castêlo da Maia, desesperam por uma solução. Transportes Metropolitanos do Porto garante que está a ser estudada alteração.
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Há mais de 30 alunos da freguesia de Guilhabreu, em Vila do Conde, a estudar na EB 2, 3 do Castêlo da Maia. Desde a entrada em vigor da rede Unir, em dezembro de 2023, deixaram de ter autocarros compatíveis com os horários escolares. Há quem ande 1,5 quilómetros para chegar à escola, quem espere horas a fio e quem tenha de pagar 60 euros por mês a um ATL para ter transporte.
Os pais já tentaram tudo. Estão fartos de esperar e exigem solução para o próximo ano letivo. A Câmara de Vila do Conde empurra para a Transportes Metropolitanos do Porto (TMP) e alerta para os custos. A TMP, responsável pela Unir, garante que está a ser estudada uma alteração.
Os alunos frequentam uma escola no concelho vizinho porque é a que fica mais perto de casa. Dinis apanha, todos os dias, a linha 3506 no largo de Parada, em Guilhabreu, às 7.50. As aulas começam às 8.20. Com o trânsito, é obrigado a sair a 1,5 quilómetros da escola para chegar a horas. Vai a correr e, mesmo assim, chega quase sempre atrasado. No inverno leva uma roupa extra na mochila. Chega encharcado. “Só queremos o que tínhamos: um autocarro para a escola com horários compatíveis com as aulas”, sintetiza a mãe, Marisa Couto.
À porta da EB 2, 3 do Castêlo da Maia há paragens novas, mas nenhum autocarro as usa. Os veículos param à face da muito movimentada EN14, “um perigo sempre à espreita”.
Ricardo Guimarães é o “uber da manhã” de Martim e dos três amigos, todos com dez anos. “Estamos há mais de um ano à espera de uma solução”, atira.
Dora passa, todos os dias, hora meia à porta da escola à espera de Gabriel. Ao almoço, o autocarro é às 13.20, precisamente a hora do fim das aulas. É impossível apanhá-lo. Ao fim do dia, conta Ana Reis, o cenário é “ainda pior”: a escola acaba às 16.45. Depois, fecham-se as portas. E o autocarro só passa às 18h15. “Ficam na rua”, recrimina.
Explicação da Câmara
“A linha 3506 é intermunicipal. A gestão é da AMP e agora da TMP. Todas as alterações têm de ser feitas por eles”, afirmou, ao JN, a vice-presidente da Câmara de Vila do Conde, Sara Lobão. A AMP, explica, ponderou ir ao encontro das pretensões dos pais, mas “o operador queixou-se que isso iria acarretar mais 20 minutos” ao já muito extenso percurso da linha (uma hora e vinte minutos) e custaria “mais sete mil euros por mês”. Quanto ao ajuste dos horários, diz que “esse problema nunca foi levantado”.
Perante a falta de resposta da AMP, em maio, já com a TMP constituída, os pais voltaram à carga. Mas ainda sem êxito.
“A Câmara da Maia está a estudar uma nova alteração à postura de trânsito na envolvente às escolas do Câstelo, com o objetivo de permitir o acesso e a circulação de autocarros de forma viável, sem trajetos excessivamente longos. A TMP aguarda a apresentação dessa proposta para avaliar a possibilidade de reposição de paragens mais próximas das escolas”, diz a TMP, questionada pelo JN, garantindo que está “empenhada na procura de soluções que garantam maior proximidade e segurança no transporte escolar”.