Alunos e professores da escola sede do Agrupamento de Búzio, em Vale de Cambra, criticam a opção do conselho executivo de proceder as obras "perigosas" no telhado do edifício onde, em simultâneo, terão aulas cerca de 15 turmas.
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Os trabalhos estão anunciados para segunda e terça-feira e respeitam ao edifício mais antigo desse estabelecimento de ensino, onde o temporal da semana passada provocou danos significativos no telhado e deixou no teto de salas e corredores "buracos através dos quais se consegue ver o céu".
A descrição é de uma docente, Maria Sousa, que declarou à Lusa que "continuar a dar aulas com chuva a cair dentro das salas já não é viável" e receia agora pela "segurança de todos os que trabalham e estudam na escola, porque as obras vão estar a decorrer mesmo por cima das pessoas".
"Acho que isto é um perigo e não se justifica", defende a professora.
"Se não querem parar as aulas, bastava esperarem mais uns dias, que a interrupção do Carnaval está quase aí e então faziam-se as obras nessa altura, quando pelo menos os alunos já estão em casa", acrescenta.
Segundo outra docente, Conceição Pinho, as instruções difundidas pelo conselho executivo "foram apenas no sentido de os alunos ficarem afastados das zonas onde está o material das obras e se manterem as janelas fechadas".
O telhado a recuperar será atualmente constituído por placas de fibrocimento e amianto, pelo que, "por muito que se fechem as janelas, haverá sempre pó a circular pelos buracos do teto e à medida que alguém entra e sai das salas".
Para essa professora, é grande a probabilidade de os alunos "inalarem o pó das obras" e esse é "um perigo que se vai correr sem necessidade nenhuma e que se podia facilmente evitar".
"Filho meu, que eu soubesse que ia ter aulas nessas condições, não punha os pés na escola nesse dia", realça a primeira docente, Maria Sousa.
Os alunos da escola de Búzio também se opõem à realização das obras em simultâneo com as aulas e chegaram a equacionar fazer greve na segunda e terça-feira, mas terão desistido da ideia perante a indicação do conselho executivo de que a iniciativa não surtiria efeito.
A associação de estudantes pôs a circular, contudo, uma carta em que os alunos criticam o mau estado geral da escola, depois de interrompidas as obras de requalificação que, iniciadas no ano letivo 2010/2011, ainda obrigam a que determinadas turmas trabalhem em "contentores".
"Se todos reconhecemos que tais cortes (na empresa pública Parque Escolar) são necessários", lê-se no documento a que a Lusa teve acesso, "não compreendemos como é possível que se venha a deixar uma obra a metade, praticamente parada, tendo em conta a enorme soma de dinheiro que vem sendo gasta no aluguer dos monoblocos e no pagamento da sua climatização".
Para os alunos da escola frequentada por cerca de 2000 estudantes do 7.º ao 12.º ano, a situação tem sido agravada pelos "rigores do clima" e está a deixar a comunidade escolar "revoltada e descrente".
Os alunos não pedem "candeeiros de Siza Vieira, nem relvas artificiais", exigem antes "que sejam satisfeitas as condições básicas para qualquer criança poder aprender convenientemente - para o que não há melhor do que terminar finalmente as obras, que já não são esperadas com expectativa, mas sim desejadas com desespero".
Contactada pela Lusa, a direção da escola não esteve disponível para comentar a situação.