São os mais velhos os mais afetados por esta pandemia, mas em Paredes os jovens também são uma preocupação.
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Há alunos em casa com dificuldades em assistir às aulas à distância, já que não têm computador ou acesso à Internet. O Município vai investir 366 mil euros na aquisição de equipamentos para ajudar as famílias carenciadas.
Isaura Dias tem três filhos, o mais velho com seis anos. David está no 1.º ºano do ensino básico. Lá em casa entra o ordenado do companheiro e uma prestação do rendimento social de inserção (180 euros). Pagando as contas, a renda (que vai aumentar porque estão a mudar para uma casa com melhores condições) e a alimentação da família, pouco sobra. Não têm computador, nem nunca tiveram. "Ligaram da escola a ver se tinha ou se precisava. Não tenho possibilidade de comprar, não são baratos, mesmo em segunda mão. É um valor que já dá para pagar a renda", explica a mãe, natural de Duas Igrejas.
O processo de aulas à distância não tem sido fácil. "A professora manda-me as fichas por email. Recebo no telemóvel e vou a uma papelaria imprimir para ele fazer. Depois, fotografo e envio para ela corrigir", resume. Quanto às videochamadas, no telemóvel o David não consegue entrar na aplicação e ter aulas com os colegas de turma, conta Isaura. Acaba por enviar vídeos à professora que mostram o menino a estudar. "Tenho receio que não esteja a aprender o que devia. Com o computador vai ter acesso ao mesmo que os outros colegas", acredita.
A Câmara de Paredes pediu aos agrupamentos de escolas um levantamento dos alunos sem equipamento informático e ligação à Internet e com carências socioeconómicas. A meta é "minimizar este impacto negativo na aprendizagem dos alunos, para que as atividades letivas possam prosseguir à distância e sem deixar ninguém para trás", salienta o presidente, Alexandre Almeida.
Apurados os dados, serão adquiridos 725 computadores portáteis, 602 tablets e 1016 ligações à Internet de banda larga.
Mais de 150 infetados
A 9 de março, quando os concelhos vizinhos de Lousada e Felgueiras se tornavam num dos primeiros focos de infeção no país e fechavam escolas, Paredes, ainda sem casos assumidos, anunciava o encerramento de equipamentos públicos e serviços e cancelava eventos desportivos e culturais. Seguiu-se um incremento de verbas para as instituições que dão apoio social e, com as juntas de freguesia, avançou a desinfeção de ruas e espaços públicos. Foi ainda criado um gabinete para ajudar as micro e pequenas empresas do concelho a aceder aos apoios do Governo.
Só a 23 de março eram divulgados pela Autarquia, com base em informações da autoridade local de saúde, os primeiros dados sobre o número de infetados em Paredes: eram 11 casos, estando três já recuperados. Com o país a fechar, a Câmara anunciou um pacote de medidas de apoio às famílias e economia local para três meses, com reforço orçamental de 500 mil euros (ver ficha).
A primeira morte por Covid-19 no concelho aconteceu a 2 de abril. Tratou-se de uma mulher de 74 anos, de Lordelo, já com problemas de saúde. Cinco dias mais tarde foram confirmadas mais três vítimas mortais, também com outras patologias associadas.
O número de infetados não tem parado de aumentar, sendo que os divulgados pela Autarquia ficam acima dos da Direção-Geral da Saúde. Os últimos dados apontam para 156 casos positivos. Paredes, Lordelo e Rebordosa são as freguesias mais afetadas. "Estamos com serenidade e responsabilidade a atuar e a acautelar a propagação da pandemia, mas os casos vão aumentando num concelho com cerca de 90 mil habitantes", reconhece o Alexandre Almeida, salientando que o facto de haver recuperados dá "alguma esperança".
Pormenores
Tarifas devolvidas - Serão devolvidas a 100% a tarifa do lixo e a fixa da água e saneamento e dada a possibilidade de pagamento a prestações das rendas da habitação social aos que vejam os rendimentos reduzidos.
Empresas encerradas - Empresas encerradas devido à pandemia também veem devolvidas as tarifas. Será igualmente devolvida a derrama às que têm volume de faturação até 150 mil euros.
Reforço apoios - Foram reforçadas as verbas para o apoio a medicamentos, a cabazes de alimentação e aos apoios sociais pontuais.
Equipamentos - A Autarquia tem distribuído equipamentos de proteção às instituições sociais, bombeiros e cruz vermelha. Serão antecipados subsídios a entidades e a associações culturais e desportivas.
Casos em lar e IPSS - Uma unidade de cuidados continuados em Gandra teve de ser evacuada para desinfeção devido a quatro casos positivos. Num lar em Recarei havia, esta semana, 12 funcionários e dois utentes infetados.
Testes escassos - A Câmara tem comprado testes para fazer rastreios em lares e centros de dia. O número de testes no centro de rastreios que serve o concelho "não é suficiente".