Estação do Clube de Meteorologia deteta abalos do Minho ao Norte de Marrocos.
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Gonçalo Sousa de 11 anos é um entusiasta da atividade do Clube de Meteorologia do Agrupamento de Escolas de Freixo (Meteo Freixo), Ponte de Lima, que há menos de um mês tem ativa uma estação sísmica.
Quando a equipa de alunos responsável por monitorizar a atividade grava em vídeo os boletins diários, que relatam as ocorrências para serem publicados nas redes sociais, Gonçalo é um dos mais ativos. Comanda as gravações e, se lhe calhar a apresentação, que inclui a previsão do estado do tempo, o nível de risco de incêndio e a qualidade do ar no território, dança de braços no ar e salta ao som da música indicativa de início do boletim.
O professor que coordena o projeto, Sérgio Bastos, comenta que a animação faz parte do processo para "manter os alunos interessados" no clube. "Temos uma equipa de 17 meteorologistas", que agora também trabalham estas questões [dos sismos] e estão divididos durante toda a semana para prestar este serviço público.
A partir dos dados que temos, sempre que há uma ocorrência sísmica na região, é mais uma informação que publicamos", refere o docente, explicando que nos boletins, que podem ser consultados no site aefreixo.pt ou na página de Facebook do Clube de Meteorologia AE Freixo, são relatados "o abalo, a magnitude, o epicentro e se foi sentido ou não".
Gonçalo é um novo "especialista" em sismos. Guiou o JN na consulta ao "quiosque" (estação sísmica) à entrada da escola, que regista as ocorrências das últimas 24 horas.
"Ainda há pouco estive aqui e apareciam uns poucos, com vários tipos de magnitude, de 2.4 a 2.1 [na escala de Richter]. Este foi hoje às oito da manhã", disse, indicando uma bolinha vermelha no ecrã. O "sismólogo" explicou que os sismos são representados por círculos a vermelhos, maiores ou menores, conforme a intensidade. "A nossa estação sente mais no Norte de Marrocos. A maioria acontece no mar. Alguns, se fossem em terra, já eram sentidos por algumas pessoas", comentou.
Cerca de um mês
A estação ficou ativa em 25 de maio. Foi construída pelo clube de robótica e assinala no mapa outras existentes no território. As mais próximas estão em Vigo, em Espanha, e em Coimbra. "A nossa tem uma cobertura de 500 quilómetros em linha reta. Vai até ao Norte de Marrocos. Já detetámos sismos na zona de Ceuta, no mar, com magnitude de 4.5, que já são passíveis de se sentir e poder provocar estragos, como quebra de vidros e algumas estruturas", adiantou Sérgio Bastos, indicando que se tem registado "atividade mais intensa em Verín".
No dia da reportagem, estavam de serviço José Luís Fernandes, Sofia Maciel, Filipa Dantas e Inês Machado. Todos surpreendidos com o número de vezes que a terra treme. "Sabia que havia sismos, mas nunca pensei que fossem tantos. Fazem parte do planeta e não me assustam, desde que não sejam na nossa zona", concluiu Filipa.
Curiosidades
O que faz
O clube faz a previsão meteorológica diária da região do Minho, avisos de riscos naturais, monitorização das alterações climáticas na região, trabalho de campo em microclimas, formação e workshops de meteorologia e organização de congressos transfronteiriços sobre o tema.
Mais méritos
No primeiro ano de existência, o jornal do AE de Freixo foi o vencedor do Concurso Nacional de Jornais Escolares, no escalão do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico. A equipa é formada por Margarida Rodrigues e Pedro Machado e pelo professor António Paiva.