Um grupo de ambientalistas vai manifestar-se, na quarta-feira, frente ao Museu do Douro, no Peso da Régua, contra a barragem do Foz Tua, no dia em que a UNESCO reúne com entidades ligadas ao processo.
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"A construção da barragem do Foz Tua é um cancro no Alto Douro Vinhateiro e, como tal, tem de ser combatida", afirmou, esta terça-feira, à Lusa a dirigente do Partido Ecologista os Verdes (PEV) Manuela Cunha.
Durante esta semana, um grupo de especialistas do Comité do Património Mundial da UNESCO "está de visita" ao Alto Douro Vinhateiro (ADV), Património da Humanidade, para avaliar, no local, os trabalhos de construção da barragem do Foz Tua e os seus impactos.
A missão da UNESCO, que terá de elaborar um relatório para ser apresentado ainda este ano, está a ser acompanhada pelo presidente executivo da EDP, António Mexia.
Até às conclusões do relatório, a construção da barragem, entre os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, manter-se-á em abrandamento.
A Estrutura da Missão do Douro convidou as organizações não-governamentais de ambiente, que têm sido muito críticas à construção do empreendimento hidroelétrico, a participarem num debate dedicado à sociedade civil.
O evento realiza-se na quarta-feira, no Museu do Douro, no Peso da Régua, entre as 9 e as 11horas.
Aproveitando o debate e a presença da missão da UNESCO, as organizações, associações e personalidades que se opõe às obras de Foz Tua vão fazer uma "concentração simbólica", frente ao Museu do Douro, para demonstrar o seu descontentamento e denunciar os prejuízos que a obra causará à paisagem classificada.
Os Verdes, autores da queixa apresentada à UNESCO em 2007 relativa aos impactos da Barragem de Foz Tua sobre o Alto Douro Vinhateiro, vão estar "dentro e fora" do debate.
Além de reunirem com os especialistas da UNESCO, vão, também, marcar presença na concentração e "reforçar" o seu desagrado para com as obras.
Manuela Cunha salientou que Os Verdes irão mostrar à missão da UNESCO que a barragem é "altamente prejudicial" à região.
Um dos representantes da Coordenadora de Afetados pelas Grandes Barragens e Transvases (COAGRET), António Lourenço, referiu hoje à Lusa que a manifestação tem por objetivo "marcar posição" perante o Governo e a EDP.
"Queremos mostrar a nossa indignação e insatisfação pela construção da barragem de Foz Tua", disse.
É importante, salientou, que o poder político entenda que a produção de energia pela barragem não vai ser significativa e vai destruir um "valiosíssimo" património.
A preservação do Douro, considerou António Lourenço, é uma "mais-valia" para Trás-os-Montes, pelo que o Governo não a pode destruir com a construção de barragens.
A QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza, a Associação dos Amigos do Vale do Tua e o Movimento Cívico pela Linha do Tua são algumas das associações que se vão juntar à manifestação.