O projeto para a reabilitação das Termas de São Lourenço, em Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, foi chumbado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) por colidir parcialmente com a albufeira da barragem do Tua.
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A revelação foi feita hoje à Lusa por José Luís Correia, presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, promotora do projeto, que enfrenta agora um dilema, já que a obras pretendidas há vários anos encontram-se rodeadas de condicionantes.
O município pretende investir entre 2,5 a três milhões de euros num novo edifício para o complexo termal, que de um lado esbarra com a futura albufeira e do outro com as limitações da Reserva Ecológica Nacional (REN).
"Está a ser um processo muito difícil de gerir, esperamos que tudo se resolva porque senão vamos ter aqui uma trapalhada durante muito tempo", afirmou o autarca.
Segundo explicou, o projeto para a construção do novo balneário com "12 a 13 quartos" para alojamento e restaurante panorâmico sobre o rio Tua, foi submetido para pareceres das entidades competentes no processo e obteve "já o parecer desfavorável da APA".
Isto porque, de acordo com o autarca "uma pequena parte do balneário, do imóvel, colide com a linha de proteção" da futura albufeira da barragem, que se encontra em fase de conclusão, a poucos quilómetros do local, e vai elevar o nível do rio naquela zona do Vale do Tua.
"Mas depois tenho outro problema: a uma cota muito próxima, se tiver que subir o edifício apanho REN", acrescentou, defendendo que "com boa vontade de todas as entidades, tudo se pode resolver", mas que até ao momento ainda não encontrou abertura.
Desde que chegou à Câmara, há cinco anos, que o autarca social-democrata pegou no processo de revitalização das antigas termas, agora concessionadas à autarquia.
Começou por construir um balneário provisório, em 2011, que mantém a atividade e tem capacidade para receber cerca de 80 aquistas todas as épocas.
José Luís Correia frisou que se trata de "um aproveitamento de um recurso natural daquelas águas hidrominerais muito interessantes" e que a própria Declaração de Impacte Ambiental (DIA) da barragem de Foz Tua "diz que se deve valorizar o turismo termal".
"Portanto é também uma obrigação, esse aproveitamento", defendeu.
Nos últimos anos, foi realizado e aprovado o estudo médico hidrológico que aponta os benefícios daquelas águas para doenças respiratórias, musculosqueléticas e reumatismais.
As Termas de São Lourenço têm também fama na região no tratamento de doenças da pele.
Os tratamentos eram feitos antigamente nas chamadas Caldas Velhas, que se encontram em avançado estado de degradação e não podem ser reabilitadas porque vão ficar debaixo de água com o enchimento da albufeira da barragem previsto para o início do próximo ano.