Quem produz fica a torcer para que "não venha uma geada tardia que apanhe a floração".
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"Nem atrasadas, nem adiantadas. As amendoeiras estão nesta altura como deveriam estar, com a floração a fazer o percurso normal", realça Bruno Cordeiro, presidente da Cooperativa Agrícola de Produtores de Amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro, que representa 1500 produtores e que tem sede em Torre de Moncorvo. Já o preço do fruto continua em queda.
"Não faltam flores para os turistas verem", embora as mais adiantadas sejam as amendoeiras tradicionais. "As variedades melhoradas e que predominam nas novas plantações ainda não começaram a florir. Talvez dentro de mais uma ou duas semanas. E ainda há outras que podem ter flores só dentro de um mês. Tudo depende das temperaturas", salienta Bruno Cordeiro.
Quem produz amêndoa fica a torcer para que "não venha uma geada tardia que apanhe a floração em estado avançado". Mesmo que isso não aconteça, Bruno Cordeiro está a prever que possa ser "um ano fraco de amêndoa", pois as árvores "sofreram muito com o stresse hídrico do ano passado e muitas ainda não recuperaram". A dúvida, porém, só vai ser tirada dentro de mais algumas semanas.
O que é já uma realidade é que a amêndoa está a render ao agricultor quase metade. "Há seis ou sete anos pagámos o quilo de miolo a 7 ou 8 euros. Hoje o preço anda entre 3,5 e 4 euros", lamenta o presidente da cooperativa. Confessa que está "um pouco desiludido", porque "os preços têm vindo a baixar de ano para ano".
Numa região como Trás-os-Montes e Alto Douro, onde predominam as culturas de sequeiro, o amendoal "não está a ser muito produtivo" quando comparado com as plantações que foram feitas noutras zonas do país, que são regadas e garantem "produções astronómicas". Por isso, continuar a plantar "pode ser um investimento arriscado".
Falta de dinheiro
Porém, Bruno Cordeiro admite que a queda dos preços "não tem a ver apenas com o aumento da produção em Portugal". Também se deve "à crise e à falta de dinheiro". Adicionalmente, a pandemia não favoreceu as vendas e "ainda há muita amêndoa dos últimos dois anos em stock". Ora, "se o consumo não aumenta, os preços não sobem".
O dirigente desconhece que haja agricultores a abandonarem a cultura, mas sabe que "alguns podem estar a não tratar e a fertilizar como deviam", pois, "se não dá dinheiro as pessoas também não têm como investir".