Comerciantes confiam no êxito da época. Fumeiro, amêndoas, vinho e pão são produtos mais procurados.
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O aroma do fumeiro exalado da banca de Júlia Brás, no centro da cidade de Vila Nova de Foz Côa, faz aproximar o visitante. "É tudo feito por nós, à moda antiga e com muita qualidade", diz-lhe. Os olhos dele passeiam-se de um lado para o outro, pousados nas alheiras, nos chouriços, nos salpicões e nos butelos, entre outros enchidos, bem como nos queijos de cabra e ovelha, antes de escolher e mandar pesar.
É o início do negócio em três fins de semana de festa da amendoeira em flor, que se esperam bem-sucedidos tanto na banca de rua como na loja que tem na cidade. A expectativa é de que "vai correr pelo melhor", mesmo que "já não sejam bem assim" aqueles dizeres de que "se for para comer vende-se sempre".
Júlia participa em feiras da amendoeira em flor "há mais de 25 anos". Recorda que no início "fazia-se mais negócio". Mas nem o facto de "estarmos numa fase menos boa", porque "desde o início da pandemia as coisas não têm estado fáceis para ninguém e agora com o poder de compra a baixar ainda pior", lhe retiram o sorriso. Nem a confiança no "sucesso" da feira deste ano. "Desde que o tempo ajude, claro", ressalva.
O desejo da vendedora de fumeiro e queijos coincide com o de Etelvina Cardanha, que não assentou praça ao ar livre. Prefere manter-se no seu comércio na rua pedonal de Foz Côa, afinal, um sítio privilegiado para o comércio. Há ali uma grande variedade de vinhos do Douro, bem como outros produtos regionais e peças de artesanato.
Não falta ali o que comprar e Etelvina espera que "tal como as flores, o negócio também desperte", não obstante o temor de que a crise provocada pela Guerra na Ucrânia venha este ano piorar as dificuldades que a pandemia de covid-19 já acarretou. "Mas valha-me Deus, temos de viver e retomar a vida, não é? Por isso, eu acho que a festa da amendoeira em flor vai correr bem". O que os turistas mais procuram na loja é "vinho e amêndoas". "Os portugueses deitam menos o pé além da mão", que é como quem diz, "gastam um bocadinho menos". Os estrangeiros estão "um pouco mais à-vontade".
Festas e feiras
Na Feira dos Sabores e Saberes de São João da Pesqueira, Mónica Pacheco tem estado num "ver se te avias" a vender pão, bolas de azeite e biscoitos cozidos em forno a lenha. Está a ajudar a tia na tenda das "Delícias da Belita". "Ela fabrica tudo em casa, com produtos maioritariamente caseiros, e eu vendo", explica. Em média saem "80 pães por dia", vendidos a dois euros cada um. Chegam ainda quentes à banca. Impossível resistir ao aroma.
Noutras bancas há potenciais acompanhamentos para o pão, com destaque para o fumeiro e para o vinho. Mónica diz que "dão para as merendas que as pessoas costumam fazer durante o passeio por esta região".
Nas festas e feiras dedicadas à amendoeira em flor, até 12 de março, abundam coisas de venda potencialmente fácil, pois tanto se pode levar um par de alheiras como dois quilos, um frasco de mel ou pacote de amêndoa, uma garrafa de vinho, um garrafão de azeite ou uma peça de artesanato.