Nos bancos, por trás dos balcões de check-in, nos parques de estacionamento subterrâneos e entre pilares improvisavam-se, no início deste ano, diversos "quartos" no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia, que permitiam a dezenas de sem-abrigo escapar ao frio das ruas. A ANA vai limpar essas áreas.
Corpo do artigo
A situação denunciada pelo JN mostrava um problema de saúde pública, uma vez que vários espaços eram usados para consumo de droga e como quarto de banho. Na altura, o JN questionou a ANA, que gere o aeroporto, mas ficou sem resposta. E a situação manteve-se praticamente inalterada até ao início deste mês.
Mas agora, a ANA resolveu intervir e iniciou limpezas regulares. Um aviso afixado em diversas portas explica que desde dia 10, "por questões de saúde pública", a empresa procede "à limpeza frequente destas áreas" e que os objetos abandonados são recolhidos e deitados ao lixo.
Os espaços ficaram limpos, sem a presença dos seus "moradores". Mas há quem regresse após a higienização dos locais. Não foi possível aferir a resposta dada a estas pessoas em termos de apoio social.
A Divisão de Segurança Aeroportuária e Controlo Fronteiriço do Comando Metropolitano do Porto da PSP confirmou à Câmara da Maia, concelho onde está a aerogare, que em fevereiro havia 51 pessoas que faziam do Sá Carneiro "local de permanência e pernoita". A autarquia esclareceu que "apenas quatro tinham ligação ao concelho da Maia", tendo ficado sob o acompanhamento" dos serviços de ação social da Câmara. "Dois encontram-se a residir com familiares, um outro está com a companheira na Trofa, e um quarto está em paradeiro desconhecido", disse ao JN.
Fernando Paulo defende para a situação uma "convergência de esforços". E concluiu: "Se cada um dos municípios cumprir a sua parte, todos em conjunto podemos diminuir o número de pessoas que vivem em grandes vulnerabilidades". A ANA voltou a não responder ao JN.