O concurso da AdEPorto – Agência de Energia do Porto "À Velocidade do Sol" conta, este ano, com a participação de mais de 450 alunos de dez municípios. Uma forma de aprender fora da sala de aula que agrada aos estudantes.
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“Prefiro aprender assim em vez de ter uma aula só a escrever e a olhar para o quadro”, atira Diego Cerqueira, olhando, orgulhoso, o “Velocidade Furiosa”. O carrinho é um dos 14 a concurso. Diego e os três amigos da EB 2,3 Dr. José Domingues dos Santos, em Lavra (Matosinhos), passaram quase três meses a construí-lo. E, pelo meio, trabalharam-se as contas, a aerodinâmica, a velocidade, as energias renováveis, a sustentabilidade e a economia circular, o espírito de grupo, a capacidade de resolver problemas e o trabalho em equipa. No final, “lição sabida”: acabaram apurados para a final intermunicipal do “À Velocidade do Sol”. O concurso da AdEPorto – Agência de Energia do Porto conta, este ano, com a participação de mais de 450 alunos de dez municípios.
“Foi um processo. Fomos ensaiando possibilidades, optamos sempre por materiais reaproveitados e tentamos privilegiar a velocidade”, conta a professora de físico-química Fátima Lobato, uma das três docentes que acompanharam o trabalho do grupo, realizado no âmbito do clube “Lavrando Ciência”.
Diego explica que ligar o motor às rodas foi “a parte mais difícil” e, a certa altura, tiveram que optar por “substituir a roldana por um elástico”. Garante que, com os problemas que iam surgindo, o grupo “aprendeu muito”.
A eliminatória realizada junto ao Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Vila do Conde reuniu escolas da Maia, Matosinhos e, claro, Vila do Conde.
Ali ao lado, a professora de Geografia e coordenadora Eco-Escolas, Ana Vieira, traz duas equipas do Colégio Novo da Maia. A madeira usada no carro tornou-o demasiado pesado. “Perceberam que o material escolhido faz a diferença e o mais importante é esta aprendizagem”, afirma, tentando animar o grupo, desiludido com a prestação do “Butterfly”.
“Eles ficam sempre muito entusiasmados. É um trabalho que fazem autonomamente e querem sempre ter o melhor desempenho possível”, explica, sorrindo, Rita Alonso, da AdEPorto, que há três anos trabalha no projeto.
Cada equipa recebe um kit com painéis solares e motores. O carro terá que ser movido apenas a energia solar. O resto é fruto da imaginação de cada um. Há quem tenha feito carros com caixas de ovos, usado papel, plásticos ou cartão, esfregões da loiça ou latas de atum. Vale tudo, mas, alerta, “na pontuação final, para além da velocidade, conta a criatividade e o uso de materiais sustentáveis” e o “passo a passo”, que cada equipa elabora com os avanços e recuos da “obra”.
O concurso “À Velocidade do Sol” vai já na sua 15.ª edição e, este ano, conta com mais de 450 alunos de 60 escolas, divididos por dois escalões: ensino básico e secundário. Percorrerá os dez municípios associados (Gondomar, Maia, Matosinhos, Paredes, Porto, Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Trofa, Valongo e Vila do Conde) em provas locais. Os dois primeiros classificados ficam apurados para a grande final intermunicipal, a realizar na próxima quinta-feira, dia 29, a partir das 14.30 horas, na praça Guilherme Pinto, em Matosinhos.
O “Velocidade Furiosa” estará lá. Diego está orgulhoso do seu projeto. Quer ser futebolista e até não morre de amores por físico-química, mas a lição sobre energias renováveis ficou “na ponta da língua”.