Arqueólogos que trabalham nas muralhas do castelo de Freixo de Espada à Cinta encontraram o que resta de uma torre da antiga fortaleza, informou, esta quarta-feira, João Nisa, um dos membros da equipa.
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Em declarações à agência Lusa, o arqueólogo João Nisa, disse que se trata de um torreão circular com cerca de 4,5 metros de diâmetro interno com as paredes a atingirem uma espessura de cerca de 1,5 metros.
Ao longo das últimas três semanas, a equipa de arqueologia colocou a descoberto um torreão circular da barbacã (primeira cintura de muralha) do castelo de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança.
"O torreão tem cerca de quatro metros de parede conservada, o que é notável devido à destruição a que a fortificação foi sujeita para implantação do cemitério municipal", enfatizou o técnico.
João Nisa informou que os trabalhos deverão terminar no final da próxima semana. O próximo passo, disse, é "colocar à vista a face externa do torreão, sendo um primeiro contributo para a valorização da área".
Freixo de Espada à Cinta e o seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas no seu Livro das Fortalezas, datado de 1509, no qual se destaca a cerca da vila reforçada por diversas torres, de planta hexagonal e pentagonal, dispostas a intervalos regulares, e o castelo cercado pela barbacã (um muro anteposto às muralhas, de menor altura).
"O acesso à torre circular da barbacã seria realizado pelo piso superior, uma vez que foi identificado um lanço de escadas que dá acesso ao interior", explicou.
Segundo os arqueólogos que ali trabalham, a estrutura, possivelmente do século XV, encontra-se em bom estado de conservação, sendo visíveis três troneiras (aberturas para colocação de bocas de fogo) no interior. Uma delas está mesmo "em excelente estado de conservação", de acordo com a fonte.
João Nisa, um dos investigadores envolvidos nas escavações, disse que se trata de uma fortificação do século XIII, que ao longo do tempo foi sendo "desmantelada", para que as "pedras já trabalhadas" fossem utilizadas na construção de algumas das casas "das famílias mais emblemáticas" da vila de Freixo de Espada à Cinta, do início do século XIX.
A zona envolvente ao atual cemitério vai ser intervencionada, sendo por isso objetivo, colocar a descoberto, tudo o que seja possível, para assim se perceber melhor um pouco do passado da localidade raiana.
A presidente da Câmara, Maria do Céu Quintas, referiu, a propósito destes trabalhos, que é preciso dignificar uma área onde estão as memórias de Freixo de Espada à Cinta.
"Pretendemos que os vestígios do antigo castelo, em conjunto com outros monumentos emblemáticos, sejam um ponto de atração turista para a vila", concluiu.