Alargamento da rede prevê traçados em Gondomar, Matosinhos, Porto e Trofa, cujas prospeções já terminaram. Decorrem trabalhos em Milheirós, na Maia.
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Arrancaram os preparativos para a construção das futuras linhas do metro do Porto. O pacote para a nova expansão, intitulada pela empresa como "Metro 3.0", inclui cinco novos traçados: as segundas linhas da Maia, Gondomar e de Matosinhos (São Mamede de Infesta); o prolongamento da Linha Rosa, - entre a Casa da Música e o Polo Universitário -, e também o da tão prometida Linha da Trofa. As sondagens destes últimos quatro traçados já terminaram, avança a Metro do Porto. Decorrem, agora, os trabalhos para a segunda linha da Maia, que ligará o Polo Universitário à estação Parque Maia. Nos últimos dias, os trabalhos concentraram-se na freguesia de Milheirós e "deverão estar finalizadas no primeiro trimestre 2023", nota a empresa.
O movimento das máquinas pela freguesia não passou indiferente, mas Pedro Rocha mantém o ceticismo. "Só quando eu for velhinho é que, se calhar, vem para cá o metro. Tão cedo acho que não. São obras que envolvem muito dinheiro", observa o maiato, de 52 anos. A descrença é tal que, quando viu as máquinas a trabalhar, Pedro admite ter pensado "que era para um poço de água para o cemitério". Já David, o pai de Pedro, mostra-se mais otimista: "Como já estão a fazer sondagens, penso que a obra, agora, vai arrancar. O metro já cá devia estar há muito. Tenho 88 anos e esperava andar".
Em resposta ao JN, a Metro do Porto explica que as sondagens são "mais um instrumento de planeamento e consolidação das soluções de traçado identificadas e articuladas com os respetivos municípios".
protocolo assinado em 2020
Tanto a segunda linha da Maia como todas as outras cujas sondagens já terminaram estão contempladas num protocolo assinado em fevereiro de 2020 na Câmara de Gondomar entre a Área Metropolitana do Porto e o Ministério do Ambiente. O pacote, que já incluía a Linha Rubi, entre o Porto e Gaia, representa um investimento de 620 milhões de euros, a concretizar até 2030.
Mas a verdade é que já há muito que a população de Milheirós espera pela chegada do metro à freguesia. "Há muitos anos que está programado que o metro passe aqui. Acho que depois de começarem a sondar o terreno, a obra vai arrancar, mas quem sou eu...", desabafa Maria Cândida Gonçalves.
"Andaram junto ao cemitério a fazer sondagens. Há muitos anos que está programado que o metro passe aqui"
A comerciante de 72 anos, há 36 com casa aberta na Rua do General Humberto Delgado, lamenta "nunca ter visto grandes melhorias na freguesia", mas perspetiva que, com uma nova linha do metro a passar por Milheirós, o território pode ficar "valorizado". "Se o metro passar aqui, é junto ao cemitério. Por aqui, não. Mas, se calhar, até há quem queira construir, mas não há nada, nem transportes nem escolas", constata Maria Cândida, enquanto os ombros se encolhem.
O traçado previsto para a segunda linha da Maia passará por Vermoim, Gueifães, Milheirós, Águas Santas e Pedrouços. O metro partirá da estação Parque Maia e seguirá até à estação do Polo Universitário, no Porto. Lá, a partir da Linha Amarela, o trajeto segue até ao Hospital de S. João e, futuramente até à Fonte do Cuco, em Matosinhos.
"Para quem mora aqui e quer ir a uma consulta ao Hospital de S. João, com o metro já é mais fácil"
"mais-valia para todos"
Para Bruna Silva, de 36 anos, "o metro é sempre uma mais-valia". Até porque, explica a florista, a população de Milheirós é envelhecida e o transporte facilitaria a ida a consultas no Hospital de S. João, no Porto. "Para a freguesia que é, e para o número de habitantes que tem, não acho que o transporte público que existe seja mau porque conheço casos bem piores, mas o metro é sempre uma mais-valia para todos", conclui.