Ascensores de Lisboa devem continuar parados até "reavaliação por entidade especializada"
A investigação ao acidente do Elevador da Glória recomenda à Carris que não reative os ascensores de Lisboa "sem uma reavaliação por entidade especializada", e ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) que implemente um quadro regulamentar apropriado.
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As recomendações de segurança constam do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) ao acidente ocorrido com o elevador da Glória, em Lisboa, no dia 3 de setembro, que causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
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No documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o GPIAAF recomenda à Carris "que não reative os ascensores sem uma reavaliação, por uma entidade especializada em funiculares, das fixações dos cabos e dos travões, em linha com o normativo europeu nesta matéria, respeitando a proteção histórica daqueles transportes, mas sem prejuízo da segurança".
Este organismo recomenda à empresa responsável pelos ascensores de Lisboa que proceda também "a uma reavaliação e revisão do seu sistema de controlo interno, nomeadamente no que respeita aos processos de especificação, aquisição, receção e aplicação de componentes críticos para a segurança dos veículos".
Sistema de gestão de segurança atualizado
A investigação recomenda também à Carris que proceda "a uma avaliação das vantagens de definir e implementar um sistema de gestão da segurança, em linha com as melhores práticas europeias, mas adaptado à realidade da sua organização".
"Que permita uma identificação e análise explícita e documentada dos riscos de segurança da operação e das medidas implementadas para garantir o seu controlo a um nível considerado adequado, procedendo em conformidade com o resultado dessa avaliação", aponta o GPIAAF.
O cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória e que cedeu no seu ponto de fixação da carruagem que descarrilou não respeitava as especificações da Carris nem estava certificado para uso em transporte de pessoas. A investigação detetou falhas no processo de aquisição do cabo pela Carris e nos mecanismos internos de controlo da empresa.