Um grupo de moradores de sete freguesias da Póvoa de Varzim, Barcelos e Esposende vão montar, no domingo, uma mesa de voto à porta do aterro da Resulima, em Paradela, no concelho de Barcelos.
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A ideia da iniciativa é, em pleno dia de voto para as Eleições Europeias, protestar contra os maus cheiros exalados pela unidade de tratamento de resíduos, construída com quase 20 milhões de euros de fundos comunitários.
“No boletim de voto em vez dos partidos políticos constarão de forma ordenada todos os problemas que afetam negativamente e quase todos os dias mais de 11 mil cidadãos europeus vizinhos do aterro da Resulima”, afirmou o presidente da Junta de Laundos, Félix Marques, que tem sido, desde a primeira hora, um dos líderes do protesto.
A “manifestação pacífica” está marcada para as 11h00, em frente ao aterro, em Paradela, Barcelos. A secção fictícia “A ResuLixo Fede” será, explica, “de voto livre e de protesto contra os odores nauseabundos e as condições de acesso rodoviário à unidade de tratamento”.
O aterro de Paradela custou 28 milhões de euros (quase 20 milhões dos quais de fundos europeus) e começou a funcionar no início de 2022.
As queixas não tardaram. O “fedor”, dizem, viaja mais de sete quilómetros e afeta quem vive nas freguesias de Laúndos, Rates, Estela, Aguçadoura e Navais (Póvoa de Varzim), Barqueiros e Cristelo (Barcelos) e Apúlia (Esposende). Num levantamento feito pelas juntas, em 278 dias, 160 foram de maus cheiros. Nalgumas zonas “é impossível abrir uma janela ou pôr roupa a secar” e, por exemplo, em Cristelo, “há estradas todas danificadas pelos 300 camiões de recolha do lixo que ali passam todos os dias” em vias residenciais que “não foram dimensionadas para pesados”.
O problema persiste há dois anos e meio sem solução à vista, apesar das várias denúncias às autoridades nacionais e europeias. A Resulima está obrigada a investir seis milhões de euros para selar todos os edifícios, aspirar o ar no seu interior e filtrá-lo convenientemente, mas o concurso da 1.ª fase dos trabalhos – orçada em dois milhões de euros - ficou “deserto” e decorre, agora, um segundo procedimento.
Os organizadores do protesto acusam as autoridades de “empurrar com a barriga” e fechar os olhos a um “atentado ambiental inacreditável e inaceitável em pleno século XXI”, que “descredibiliza todos os processos de tratamento de resíduos em Portugal e na Europa”.