A Assembleia Municipal do Porto manifestou, na segunda-feira à noite, "profunda indignação" por aquilo que considera um "inadmissível desrespeito" da administração da Metro pelo avanço da segunda fase do metrobus sem ter atendido aos pedidos feitos pelas forças políticas.
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De acordo com um documento assinado pelo presidente da Assembleia Municipal (AM) do Porto, a 12 de agosto a Metro enviou um ofício a Rui Moreira com a versão preliminar da alteração do projeto do metrobus no troço do Parque da Cidade que pedia a aprovação dos eleitos da AM, mas a empresa de transportes não respondeu aos pedidos feitos em resposta pelo Grupo de Trabalho para Acompanhamento de Investimentos de Transporte Público, nomeadamente que fosse promovido um período de consulta pública do projeto.
Na resposta, o grupo que representa as forças eleitas na Assembleia pedia que a Metro pudesse "promover essa consulta pública, cujo prazo de participação não deve ultrapassar o final do mês de setembro, de forma a que as eventuais propostas que vierem a ser formuladas durante a mesma sejam analisadas e, eventualmente,consideradas no projeto final até ao final do mês de outubro, altura em que os novos orgãos autárquicos tomarão posse, podendo também deliberar sobre os mesmos".
Após não terem recebido qualquer resposta da Metro do Porto e de as obras relativas à segunda fase do metrobus terem avançado hoje, todos os deputados eleitos aprovaram uma moção que propõe manifestar a "indignação" dos eleitos ao conselho de admistração da empresa de transportes e lamentar o 'timing' do avanço das obras.
"Lamentar que esta decisão tenha sido tomada quando se sabe que está agenda, para 29 de steembro, a Assembleia Geral da Empresa que procederá à eleição dos seus novos órgãos sociais, numa clara demonstração de que o atual Conselho de Administração não quis concluir o seu mandato sem mais uma ação de desrespeito pela AM do Porto e, consequentemente, de desconsideração pela população da cidade", pode ler-se no documento.
A Assembleia Municipal do Porto aprovou hoje também enviar a deliberação ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, que considera que "deveria ter dado as indicações aos respetivos ao Conselho de Administração para ter em consideração as recomendações" das forças eleitas.
José Manuel Varela, da CDU, disse votar favoravelmente a proposta, que já reuniu consenso na sua redação.
Rodrigo Teodoro Passos, eleito pelo PSD, elogiou os deputados "pela promoção conjunta [de uma moção] tendo em conta a importância e pertinência" do tema.
Já o socialista Agostinho Sousa Pinto quis ressalvar que, apesar de votar favoravelmente, "já era hora destes assuntos não terem que vir cá [Assembleia Municipal] porque se o Governo atual tivesse já exercido as suas obrigações, que há meses arrasta que é preciso resolver o problema [do metrobus], (...) já poderíamos ter ultrapassado esta situação".
Pelo Bloco de Esquerda, Elisabete Carvalho lamentou que a empresa de transportes veja as funções da Assembleia Municipal como "meramente decorativas" e acusou o projeto de já ter "ultrapassado todos os prazos".
Raúl Almeida, eleito pelo movimento de Rui Moreira, diz que esta é uma moção "fruto de uma concordância entre todas as forças políticas" e que representa "um momento alto".
Na semana passada, a Metro do Porto anunciou que as obras da segunda fase do metrobus do Porto (Boavista - Anémona) iam arrancar hoje, mas apenas no segmento até ao liceu Garcia de Orta, e garantiu ausência de impacto no trânsito.
A solução alternativa proposta pela Câmara do Porto para a segunda fase do metrobus poupa o abate direto de 86 árvores, mas pode prejudicar o tempo de viagem anunciado, segundo dados da Metro do Porto facultados à Lusa.
Está previsto que o metrobus ligue a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17), e os veículos do serviço serão autocarros a hidrogénio visualmente semelhantes aos do metro convencional, construídos por 29,5 milhões de euros, incluindo a infraestrutura de alimentação.