O presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Artur Nunes, considera tratar-se de "um ato histórico" a assinatura da Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias pelo governo português que eleva esta língua para "um novo patamar, a nível europeu".
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Há mais de 10 anos que o município e a Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa, se empenhavam para esta assinatura. "Foi um trabalho árduo. Estivemos a trabalhar neste processo juntamente com o secretário de Estado da Educação, João Costa, a Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa, e o próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros que teve um papel na defesa e no apoio para assinatura da carta", referiu Artur Nunes destacando que se trata de uma "grande vitória, só comparável à publicação da Lei do Mirandês".
A Lei 7/99, conhecida como "Lei do Mirandês", continua a ser um marco incontornável na história da língua, que assim obteve o reconhecimento oficial.
A Carta é um tratado internacional do Conselho da Europa, instituição de defesa dos direitos humanos, e foi criada para proteger e promover a diversidade linguística, apontando diretrizes a seguir pelos países na gestão das regiões e comunidades multilingues. Além de princípios gerais, contém uma série de compromissos concretos que são selecionados por cada país. Esses compromissos dizem respeito ao uso da língua em diferentes domínios da vida pública: educação, justiça, cultura, meios de comunicação social, administração central, administração local.
Desde 2002 que a adesão de Portugal era pedida por defensores da língua mirandesa, em particular a Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa e a Câmara Municipal de Miranda do Douro. "É uma mais-valia para o país e para o nosso território e para as línguas minoritárias", sublinhou o autarca.
O Mirandês já não corre risco de extinção, tanto mais que é ensinado nas escolas do concelho de Miranda do Douro. "A língua está mais salvaguardada. O mais difícil é fazer perceber a uma criança ou a um jovem a importância de saber esta língua que está mais circunscrita a um concelho. É mais um idioma. Mas tem havido essa consciência e os jovens mirandeses têm frequentado as aulas", referiu Artur Nunes.