A criação de dois manuais escolares específicos para os alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro é a principal medida definida pelo Estudo para a Elaboração de Recursos Pedagógicos para o Ensino da Língua Mirandesa, que será apresentado, esta sexta-feira, nesta cidade transmontana.
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"A preocupação passa por preservar o mirandês, mas sobretudo, garantir a melhoria das condições que estão inerentes ao processo de ensino e aprendizagem", explicou Elisabete Afonso, técnica de Educação na Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIMTTM).
Os manuais vão chamar-se "Cachapim", nome de um pássaro que se avista com frequência em Trás-os-Montes, que "é muito curioso", adiantou Elisabete Afonso.
A falta de manuais e de materiais de trabalho disponíveis no mercado foram duas das falhas apontadas pelos docentes de Mirandês para assegurar o ensino da segunda língua oficial de Portugal.
O estudo apresentado é uma das medidas do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar das Terras de Trás-os-Montes (PIICE), cuja implementação termina na próxima semana e abrangeu todos os estabelecimentos de ensino dos nove municípios da CIMTTM, nomeadamente Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Miranda do Douro, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso, Vinhais.
Cerca de 440 alunos do Agrupamento de Escola de Miranda do Douro estão abrangidos na aprendizagem da língua mirandesa, com dois professores. "Os docentes queixam-se da falta de materiais. A CIM entende que um plano de combate ao insucesso tem de olhar para a segunda língua oficial do país, porque o mirandês é uma particularidade da nossa região que não podemos deixar desaparecer. Quisemos ajudar a melhorar as práticas de docência e a aprendizagem dos alunos facultando material que desperte maior motivação, eficácia e acessibilidade à língua", vincou a técnica da CIM.
O estudo, que beneficiou de um financiamento de 19.800 euros, foi elaborado pela Associação da Língua e Cultura Mirandesa que identificou a necessidade de criar dois manuais, um para o 1º e 2º anos de escolaridade e outro para o 3º e 4º anos.
Este material será executado ao abrigo da segunda candidatura do PIICE que passará a designar-se Plano Integrado de Promoção do Sucesso Escolar das Terras de Trás-os-Montes.
Em fase de conclusão o Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar das Terras de Trás-os-Montes (PIICE) alcançou em conjunto com outras ações, "grande impacto global", ressalvou, Elisabete Afonso, indicado que se alcançou uma quebra "significativa no insucesso escolar na região, com uma franca recuperação e a diminuição dos números negativos".
O PIICE, que envolveu a CIM, os agrupamentos de escolas e outras entidades como os municípios e o Centro de Ciência Viva de Bragança, executou os 22 projetos previstos na candidatura no valor de 6,3 milhões de euros.
"Segundo os dados disponíveis, verificou-se a descida de 28% dos alunos com notas negativas no ano letivo 2021/22. Iniciamos o PIICE com 33% de insucesso e esse número baixou para 15%. Tínhamos de cumprir 10% na taxa de redução do insucesso e chegamos aos 150%. Na taxa de retenção e desistência tínhamos proposto baixar 25% e conseguimos baixar 144%", acrescentou a técnica da CIM.