A associação Amigos do Cáster criticou, esta quinta-feira, as obras realizadas na proteção da zona costeira de Ovar, a Norte e a Sul do Furadouro e anunciou denúncias à Agência Portuguesa do Ambiente, à Câmara Municipal de Ovar e ao Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente da GNR por alegada destruição das dunas.
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Na missiva é dito que as máquinas, que se encontram nos trabalhos, destruíram "dunas primárias consolidadas".
"O que aconteceu foi a destruição de anos de transporte natural de areias para a constituição de dunas primárias que efetivamente se formaram, foram consolidadas por vegetação e que agora foram destruídas em nome de qualquer outro tipo de proteção", adiantam.
Esta associação lembra que foi construído um passadiço, "para deixar crescer as dunas, depois quando estas se formam e sobrepõem o passadiço, destroem-se as dunas".
Solicitam, por isso, que seja justificado, "o motivo que se incorre em tais procedimentos e que medidas corretivas e coercivas serão tomadas para corrigir este atropelo às boas práticas de proteção costeira".
Denunciam, ainda, que foram encontradas várias caixas plásticas, que identificaram como sendo as caixas de mudas de estorno ("Ammophila arenaria") utilizadas nas plantações efetuadas e "abandonadas no topo da duna". "A posição destas caixas colocava-as em situação de poderem ser arrastadas pelo mar".
Em resposta a esta denúncias, a Câmara Municipal faz saber que, apesar de esta ser uma obra da exclusiva responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (ARHCentro), "a Câmara concorda e congratula-se pela concretização da mesma no território vareiro".
Esclarece que se trata de uma "Reconstituição Dunar", "que visa combater a erosão costeira de uma forma passiva". "O objetivo é precisamente reconstituir as dunas e não as destruir".
Por outro lado, "a obra não está terminada nem rececionada pelo que se deve aguardar pela conclusão dos trabalhos para aí sim se poder emitir uma opinião válida".
A Câmara diz, ainda, que valida a solução adotada, designadamente com a construção de paliçadas para fixação de areias numa extensão superior a quatro quilómetros e a plantação de milhares de pés de estorninho.
"Lamenta" a atitude da Associação dos Amigos do Cáster que, "revela algum fanatismo em torno da questão da preservação ambiental, descurando completamente outros vetores da sustentabilidade designadamente o social e o económico colocando a luta política partidária acima de qualquer outro interesse, designadamente da defesa da terra e das nossas riquezas naturais".