Achados arqueológicos, complexidade de trabalhos e falta de matéria-prima criam dificuldades no Porto.
Corpo do artigo
A constante descoberta de vestígios arqueológicos que obrigam a trabalhos suplementares, a escassez de matéria-prima e o seu encarecimento, a complexidade de intervenções como o desvio do rio de Vila e até o facto da empreitada ter começado em ano de eleições autárquicas, o que terá contribuído para que, apesar de ter sido consignada em março de 2021, só tenha arrancado em força em outubro, são fatores que ajudam a explicar o atraso da construção da Linha Rosa do metro, que ligará S. Bento à Casa da Música, no Porto.
As previsões iniciais apontavam o final de 2024 como a data para a conclusão da empreitada, mas, segundo apurou o JN, as dificuldades determinaram a dilatação dos prazos, pelo que só a partir de meados de 2025 (junho/julho) começarão a ser fechadas as frentes de obra atualmente em curso.
Agastado com os atrasos e com as consequências que isso está a ter na cidade, sobretudo no trânsito, o presidente da Câmara do Porto enviou uma carta ao presidente da Metro, Tiago Braga, alertando que não permitirá o avanço de novas obras da empresa (designadamente da Linha Rubi e do metrobus na Boavista) enquanto os trabalhos da Linha Rosa não estiverem concluídos. "Como é possível constatar, nada do que foi planeado está a decorrer normalmente", escreveu o presidente da Câmara do Porto.
Há atrasos em quase todas as frentes de obra: da Praça da Liberdade à Galiza, passando pela Casa da Música e pelo Hospital de Santo António, entre outras zonas afetadas pela intervenção.
Metro não comenta
Na missiva, noticiada pelo JN, o autarca criticou ainda a inexistência de reuniões do grupo técnico criado para o acompanhamento da empreitada, o que deixa o Município sem informações sobre o andamento da obra e eventuais medidas compensatórias implementadas ou em estudo. Perante as críticas de Rui Moreira, a Empresa do Metro do Porto mantém o silêncio. Anteontem e ontem, o JN tentou ouvir uma reação, mas a empresa preferiu não falar.
Neste cenário, fica em causa o início das obras da Linha Rubi (previsto para 2023) e do metrobus (devia avançar ainda neste ano).
Metro reúne-se com Assembleia Municipal
Na próxima segunda-feira, dia 14 de novembro, o Conselho de Administração da Metro do Porto vai reunir-se com a Assembleia Municipal para discutir o "processo de construção da Linha Rubi", cujo arranque de obras está previsto para o próximo ano. A reunião foi pedida no início de outubro pelo presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo, e terá lugar às 17 horas, na Câmara do Porto.