Nove meses na barriga e outro tanto para engordar. Vitelo que é de raça arouquesa não é tratado a pontapé, "é cuidado como um menino". Pão, milho em grão e feno fazem parte da dieta dos animais de pêlo acastanhado, criados para depois da matança encherem o prato e a barriga de quem vai a Arouca para comer os famosos bifes.
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A produção de gado arouquês continua a ser uma das fontes de rendimento no maior concelho em termos territoriais da Área Metropolitana do Porto, mas que tem, apenas, 23 mil habitantes.
Sem grandes oscilações, mas sempre com subidas, são 3500 as cabeças de gado que estão registadas na Associação de Produtores de Raça Arouquesa, sediada em Cinfães, distrito de Viseu. O número representa, para José Mota, homem que há 24 anos sabe se um bife é bom só de olhar, que a "austeridade não atingiu" o gado. Prova disso é a aposta de jovens quer na criação de touros cobridores [que podem pesar mil quilos], quer no treino de touros para luta, "atração de feiras e que está em crescendo". "Vejo-os na serra, a treinar. Tudo é trabalho", diz.
Cada quilo de carne é vendido aos comerciantes a cinco euros. Comprado o vitelo inteiro (140 a 180 quilos se for macho, 120 a 140 se for fêmea), metade é para o lixo. Depois, à mesa, vende-se a 35 euros o quilo, o que dará, num bife jeitoso, 12 euros por dose. Tenra a carne, só o sal é tempero, mesmo quando é assada no forno por 16 euros a dose para dois.
No país e nos 21 municípios que têm esta raça autóctone, há mais 3500 cabeças, geralmente vendidas para retalho e para grandes superfícies.