Bruno Ferreira esteve três meses hospitalizado depois de ter tombado num ginásio. Está a reaprender a viver, aos 39 anos, num caminho "moroso"
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"Esta foi a vitória da vida". É desta forma que Bruno Ferreira, de 39 anos, sintetiza o momento pelo qual passou nos últimos três meses do ano passado. A 10 de setembro estava numa aula de "cycling", num ginásio em Fafe, quando "de forma inesperada" o coração cedeu. O presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto tombou no local, foi assistido por quem lá estava e pelas equipas de emergência.
"Já praticava desporto com alguma regularidade, especialmente aquela modalidade e, até hoje, ainda não me conseguiram dar uma explicação cabal sobre o que aconteceu", diz ao JN, na primeira entrevista após ter regressado ao trabalho. Foram 43 dias de coma induzido no Hospital de São João, mais 30 no serviço de cardiologia e outro mês na Prelada.
"Acordei a 23 de outubro e não sabia porque estava ali, estava entubado e não conseguia falar. A minha esposa estava lá e explicou-me o que tinha acontecido. Embora não me recordasse do momento em si, fui percebendo", recordou o autarca eleito em 2021 pelo PSD.
Bruno Ferreira não tinha ainda completado um ano de mandato quando, de forma brusca, teve de parar. "Quando acordei tinha a perceção que era presidente da Câmara. Sabia que tinha essa responsabilidade mas acreditava que a equipa que tinha estado comigo seria capaz de dar conta do recado", sublinhando o cuidado que teve com a escolha da equipa municipal.
"Muitas vezes nas escolhas das listas autárquicas nem sempre se valoriza a competência mas sim a capacidade eleitoral e a notoriedade pública. Até nisto fomos diferentes ao escolher pessoas com competências específicas e tinha a confiança de que a Câmara estaria em boas mãos", reafirma.
Quando, a 13 de janeiro, regressou ao trabalho presencial percebeu que a máquina que tinha deixado de dirigir continuava no rumo definido. "Foram fantásticos apesar da incerteza em que viviam porque nunca sabiam quando e como regressaria. Tomaram, e bem as decisões que tinham de ser tomadas e as obras e os projetos estão no terreno", garante.
Sem sequelas "visíveis"
Bruno está sujeito a medicação e a três sessões de fisioterapia semanais e ainda não pode conduzir. "Não fiquei com sequelas físicas visíveis. Estou a ser medicado e a tentar ganhar resistência física. A probabilidade de ficar sem sequelas era curta mas tem sido uma surpresa agradável", disse, confessando que este problema de saúde o fez olhar para a vida de outra forma. "Obriga-nos a pensar na importância da vida ", frisou, agradecendo o contributo decisivo que tiveram os funcionários do ginásio, as equipas de emergência e todos os cuidados que teve no Serviço Nacional de Saúde, "importantíssimo na salvaguarda das nossas vidas".
Só com os olhos postos no futuro, agradeceu o apoio que recebeu da oposição socialista no executivo e diz-se com energia para seguir o rumo traçado. "Os mondinenses podem contar com o mesmo presidente, com a mesma energia para dar resposta aos desafios futuros da próxima década", concluiu.
Almoço com os pais e boleia à filha
O susto de saúde levou Bruno Ferreira a alterar alguns hábitos. "Costumo almoçar com a equipa da Câmara, à exceção de um dia em que vou almoçar com os meus pais, uma das alterações que fiz. Saio às 17 horas porque vou buscar a minha filha à escola, mais uma alteração nesta segunda vida, porque não me recordo de alguma vez a ter ido buscar à escola. Priorizamos as coisas de maneira diferente", disse, destacando o apoio fundamental da esposa.