Autarca de Santo Tirso entregou carta à ministra a contestar transferência do hospital para Misericórdia
Há dois meses sem uma resposta da ministra da Saúde, a quem pedira uma audiência, o autarca de Santo Tirso, Alberto Costa, deslocou-se, esta quarta-feira, a Lisboa para entregar uma carta a Ana Paula Martins. Na missiva, questiona a governante sobre a transferência do hospital para a Misericórdia, que é contestada.
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Desde meados de dezembro à espera que a ministra da Saúde marcasse a audiência urgente que solicitara a 13 de dezembro, na sequência do protocolo entre o Governo e a União de Misericórdias que visa a entrega da gestão do Hospital de Santo Tirso à Misericórdia, o presidente da Câmara viajou, na manhã desta quarta-feira, até à Assembleia da República para entregar “em mãos” uma carta aberta na qual lembra à governante que “o silêncio não pode ser a resposta para uma questão que atinge cerca de 250 mil utentes/habitantes dos municípios de Santo Tirso, Trofa e Famalicão”, os três concelhos servidos pela unidade de saúde.
Em comunicado, a autarquia tirsense informa que, “ao receber o documento”, Ana Paula Martins “comprometeu-se a responder ao pedido de audiência de Alberto Costa e a encontrar uma data para agendar” a reunião. Na carta entregue à ministra, o autarca socialista, que quer “obter esclarecimentos sobre uma decisão que o Governo havia tomado de forma surpreendente e sem qualquer tipo de diálogo”, recorda que o protocolo datado de 12 de dezembro de 2024 visa “retomar um caminho travado em 2015”, quando um processo idêntico foi suspenso, no final desse ano.
Confrontado com o “incompreensível e inaceitável desconhecimento existente em relação ao futuro do hospital”, o que “tem gerado instabilidade, ansiedade e sobressalto, não apenas nos profissionais de saúde como, também, nas populações abrangidas”, o presidente da Câmara insistiu no encontro com a ministra e encetou contactos institucionais a nível local, com a Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Ave, que integra o Hospital de Santo Tirso e de Famalicão, com os autarcas da Trofa e de Famalicão, com representantes dos profissionais de saúde e com a Misericórdia de Santo Tirso.
“Em todas as reuniões que realizei e contactos que estabeleci, ficou claro que ninguém conhecia os contornos da retirada da gestão pública a um dos dois hospitais da ULS Médio Ave”, sublinha o autarca, lembrando que, quando a “secretária de Estado da Saúde esteve reunida, no dia 30 de janeiro, em Santo Tirso, com o Conselho de Administração da ULS Médio Ave, a propósito da passagem do hospital para a Misericórdia”, foi “comunicado que a devolução do hospital [à Misericórdia] irá ocorrer até 31 de março”.
Face à iminência dessa transição, e “esgotadas as tentativas institucionais de contacto”, Alberto Costa dirigiu onze questões à ministra Ana Paula Martins, vincando que “as populações e os profissionais de saúde merecem respostas”. Além de questionar sobre “as razões técnicas que justificam a retirada da gestão do hospital da esfera pública”, o presidente da Câmara de Santo Tirso pergunta à governante se “pode garantir que os utentes não terão custos acrescidos com a retirada da gestão pública do hospital”, bem como “garantir que nenhum profissional de saúde perderá o emprego”. Entre outros pontos, o socialista pergunta, ainda, sobre “investimentos previstos para modernizar instalações e equipamentos e ampliar valências”, pretendendo também saber “como é possível ao hospital de Santo Tirso prestar melhores serviços de saúde às populações de Santo Tirso, Trofa e Famalicão com um corte orçamental de 25%”.