Em causa estão as obras na marginal de Vila do Conde e Árvore, anunciadas como conquista pelos deputados socialistas.
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"Um populismo absurdo e patético" de quem se quis "apoderar" do trabalho feito ao longo de anos, que, ainda por cima, põe em causa a "integridade do governo", descrito como "permeável" às influências "de alguns". As palavras são de Elisa Ferraz. Esta segunda-feira, os deputados do PS cantaram vitória. Depois de uma visita, feita em outubro, a convite da concelhia local, acenaram com a resposta do Ministério do Ambiente anunciando três milhões para as obras há muito reclamadas nas marginais de Vila do Conde e de Árvore. A presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, não gostou de saber "pela comunicação social" e, a menos de um ano das eleições autárquicas, não vai admitir ser "passada para trás" por ser independente.
"Põe em causa a integridade do governo (...) Pode ser perigosamente entendido como uma perniciosa influência que só alguns têm acesso", frisou, esta manhã, em conferência de imprensa, Elisa Ferraz.
A autarca lembra que, desde novembro de 2017, que a Câmara vem alertando para o perigo que espreita na marginal de Vila do Conde, onde o enrocamento há muito dá sinais de ruína iminente, e em Árvore, onde o muro caiu, entre 2018 e 2019, três vezes.
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No caso de Árvore, houve estudos, projetos, pareceres, várias reuniões com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Em Vila do Conde, com a jurisdição nas mãos da Docapesca, o processo esbarrava inevitavelmente na falta de verbas. No final de setembro, o próprio ministro do Mar visitou o local, a convite da autarquia.
Quinze dias depois, a convite da concelhia do PS, um grupo de deputados socialistas na Assembleia da República viria ver "in loco" o "perigo iminente". Joana Lima encabeçou o grupo que, um dia depois, questionou os ministérios do Mar e do Ambiente.
A resposta, assinada pelo chefe de gabinete do ministro do Ambiente, chegou esta segunda-feira e Joana Lima voltou a Vila do Conde para, ao lado do líder da concelhia, Vítor Costa, se congratular: o PS resolveu, em dois meses, o que a Câmara não resolveu em anos.
Elisa Ferraz lamenta a "demagogia" e acusa o PS - "que nada fez" - de se apoderar "do trabalho desenvolvido ao longo de anos".
Mais: se, no caso de Árvore, "a obra estava prevista e só se aguardava a sua inscrição no Orçamento de Estado", no caso da marginal da cidade - onde a intervenção prevista ascende a 1,3 milhões de euros - a Câmara "não tem conhecimento de nada".
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"É a negação do sistema democrático e o desrespeito pelo povo que elegeu legitimamente os seus representantes", frisa a presidente.
APA e Docapesca, garante, dizem "desconhecer o documento". A autarca vai, agora, questionar o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, admitindo, até lá, que possa "não saber" dos "atropelos" ao normal funcionamento das instituições. "Vila do Conde não pode, a nível governamental, ser prejudicada pelo facto de ter um movimento independente à frente dos destinos do município", rematou.
Já o PS lamenta a "arrogância" da Câmara, que apenas se concentrou em "atacar" a iniciativa socialista. O partido afirma que apenas "cumpriu a sua obrigação", colocando "Vila do Conde e os vilacondenses acima das inseguranças e da inércia da Câmara". "A ação do PS foi essencial para resolver os problemas de segurança e de erosão costeira no concelho", acrescentam.