O protesto foi repartido pelos dois lados da fronteira, com a GNR a meio para impedir o encontro dos manifestantes portugueses e galegos na ponte internacional entre Vila Nova de Cerveira e Tomiño (Galiza).
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Do lado português, o Presidente do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial do Rio Minho (AECT), Fernando Nogueira, reclamou da "estranha democracia" que encerra fronteiras e gera até a divisão de protestos pacíficos. E deu voz a reivindicações de 26 municípios portugueses e galegos, reclamando compensações financeiras para uma região que, segundo um estudo da Universidade de Vigo, terá sofrido "um prejuízo direto de mais de 92 milhões de euros, durante o primeiro confinamento".
"[O encerramento de fronteiras] é uma medida claramente economicista por parte dos Governos que transfere os custos desse controlo para os trabalhadores e para as empresas", declarou Fernando Nogueira, invocando a necessidade de precaver compensações financeiras "no sentido de minimizar esses impactos". Defendeu ainda que a própria região transfronteiriça, seja compensada através de "uma distribuição mais justa das verbas do Interreg". "Ficamos estupefactos porque termina amanhã o período de consulta pública do Interreg, que teoricamente é o único instrumento de compensação de todas as dificuldades das regiões de fronteira e que já de si tem poucos fundos comunitários. Devia ser muito reforçado e não é. E mais do que isso, está mapeado como se destinando a uma região de fronteira que, do lado português, vai de Porto, Coimbra, Leiria, Nazaré e só ficam de fora Lisboa e Vale do Tejo", afirmou, considerando a situação "um absurdo".
Na manifestação, do lado português estiveram presentes, autarcas de Melgaço e Monção. E também o empresário, Diogo Sá, proprietário de uma clínica com oito especialidades de saúde em Vila Nova de Cerveira, que trabalha "com 60% de clientes espanhóis". "Estou aqui porque sinto que é urgente a abertura da ponte e a transição entre portugueses e espanhóis. Estamos numa Eurocidade, que no fundo é a mesma cidade. Nós usufruímos de instalações de Tominõ e Tomiño usufrui de instalações de Vila Nova de Cerveira", argumentou, referindo que atualmente está a trabalhar "com apenas 5% dos seus clientes", devido ao facto de aquela fronteira estar fechada. "Há clientes que para vir à clínica têm de percorrer mais de 100 quilómetros, porque estão obrigados a ir passar a Valença", lamentou.
Do lado espanhol, os representantes de municípios galegos da AECT (16), assinalaram o seu protesto à distância.