Quatro motoristas e cinco voluntários, entre eles uma enfermeira e uma médica, partiram esta quinta-feira de Braga para a cidade de Wroclaw, na Polónia, para ir buscar cerca de 40 refugiados ucranianos. No autocarro seguiram, ainda, seis homens que querem ir combater para a guerra e ajudar o seu país.
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Chernytevych Volodymyr não conteve as lágrimas, minutos antes da partida. É ucraniano, mas veio a Braga, antes da guerra espoletar, para participar num campeonato europeu de atletismo. Hoje, com mais cinco amigos atletas, pediu para seguir no autocarro para ir combater. "Sou tanquista profissional. Vou para a Ucrânia defender a minha terra e a família", disse aos jornalistas, adiantando que se vai juntar ao filho, que está "na frente de combate" em Hryvyi Rih.
"As tropas russas querem fazer o genocídio do povo ucraniano. Querem apagar a nossa cultura e a história e isto é muito mau", lamentava o padre ortodoxo, Vasyl Bundziak, que ajudou na logística da viagem humanitária que deverá demorar 40 horas.
No sábado, é esperado que a comitiva já se encontre na cidade polaca, onde estarão mulheres e crianças à espera de serem acolhidas. "Temos 12 crianças, uma delas pós-operada, e temos uma mulher grávida de 20 semanas", revelou Carla Sepúlveda, vereadora do Município de Braga, que se responsabilizou por encontrar famílias de acolhimento e alojamentos locais para instalar os cidadãos ucranianos que deverão chegar no início da semana.
É gratificante o voluntariado. A sociedade deveria ser assim
É precisamente a mulher grávida e as crianças que mais preocupam a equipa médica que segue no autocarro. "Aquilo que prevemos é que tenham queixas de dores, que venham fisicamente cansadas, emocionalmente e psicologicamente muito afetadas. Vamos preparados com medicamentos para as dores, para algumas infeções, nomeadamente respiratórias, porque está muito frio na Europa Central", descreveu Elisa Condês, médica voluntária.
Para os motoristas, como António Veiga, participar numa missão humanitária "enche a alma". "Preferia não ter que a fazer, porque significava que não havia guerra. Mas é gratificante o voluntariado. A sociedade deveria ser assim", sublinhou, assegurando que a equipa "está preparada".
Além da comitiva, a mala do autocarro seguiu cheia de bens alimentares, bebidas e medicamentos, entre outros produtos de primeira necessidade. "Levamos mantas, bebidas quentes, comida doce. O que queremos dar é conforto e uma palavra amiga a estas pessoas", resume Elisa Condês.
Segundo Carla Sepúlveda, a missão que foi idealizada pela jovem Romana Meireles, poderá repetir-se, com a ida de mais autocarros para buscar refugiados.