<p>Apesar das conclusões do inquérito à avaria no frigorífico da farmácia do hospital de Mirandela, que resultou na perda de medicamentos no valor de 25 mil euros, há quatro meses, o presidente do conselho de administração considera uma situação "muito estranha".</p>
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Segundo Henrique Capelas, a comunicação social "soube mais rapidamente da avaria que os próprios serviços para a reparar", afirma. E depois deslocaram-se os técnicos e "verificaram que era uma avaria sem qualquer razão de existir", acrescenta.
Apesar de nunca utilizar o termo sabotagem, o administrador não esconde a desconfiança. "Às vezes, acontecem coisas que parece que são propositadas", admite, dizendo que "provavelmente, um alarme não terá disparado e é necessário saber porque terá acontecido essa situação ou, então, porque estaria eventualmente desligado", refere.
Reorganização de serviços
Henrique Capelas entende que na origem do incidente poderá ter estado a reorganização dos serviços encetada pela administração que lidera. "É evidente que estas coisas acontecem por alguma razão", afirma. "É normal os colaboradores estarem habituados a receber determinadas coisas e quando se reorganizam serviços, acontecem estas coincidências que não sei explicar", acrescenta Henrique Capelas, referindo-se ao corte de alguns suplementos.
O administrador adianta que foram chamados os técnicos italianos da marca do equipamento avariado, que disseram que "a avaria não podia ter acontecido".
Entretanto, o JN sabe que, após este caso, o coordenador dos técnicos da unidade de Mirandela foi transferido para Bragança, sem função atribuída. Os encargos relativos ao transporte e a alimentação são suportados pela administração, pelo que, neste caso, não se pode considerar uma medida de contenção de despesas. As conclusões do inquérito devem ser conhecidas dentro de um mês.
Recorde-se que, no passado dia 17 de Abril, uma avaria no frigorífico central da farmácia da unidade de saúde de Mirandela do CHNE acabou por danificar a maioria dos medicamentos que estavam no interior, que necessitam de uma temperatura constante inferior a oito graus.
Como os dois técnicos especialistas daquela unidade não estão a fazer prevenção, desde o início de Março, foram chamados dois electricistas da unidade de Bragança, do mesmo Centro Hospitalar do Nordeste, para tentar resolver o problema.
No entanto, a situação só foi regularizada dois dias depois, pelos técnicos especialistas da unidade de Mirandela quando iniciavam o seu horário laboral. O procedimento acabou por ser simples, com o recurso a dois frigoríficos de reserva que foram colocados à disposição da farmácia para transferir os medicamentos. No entanto, a maioria deles já não estava em condições de ser fornecidos ou ministrados aos doentes daquela unidade. O prejuízo deve rondar os 25 mil euros.
Sem técnicos de prevenção
Este é mais um dos vários casos que têm vindo a acontecer no hospital de Mirandela, desde o início de Março, altura em que os técnicos informaram a administração que não aceitam estar de prevenção durante a noite e fim-de-semana, revoltados com a decisão unilateral de reduzir os suplementos nocturnos.
No mês de Março, o laboratório de análises esteve sem energia eléctrica durante dez horas. Houve a necessidade de transportar para a unidade de Bragança vários frascos de análises para conhecer os respectivos resultados. A situação só foi normalizada, no dia seguinte.