Principais eixos citadinos em Gaia e Matosinhos são os locais com o maior número de ocorrências na rede. É no Posto Central de Comando, em Guifões, que tudo é controlado.
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Nem de propósito. Na manhã da reportagem no "big eye" da Metro do Porto, situado em Guifões, Matosinhos, uma ambulância tinha acabado de invadir os carris, para fugir ao trânsito, à beira do Hospital Pedro Hispano, acabando por ficar atolada no relvado e com isso atrapalhar o funcionamento da linha.
Em tempo real, através das imagens das câmaras e da comunicação com o maquinista, no Posto Central de Comando (PCC) de Guifões, o episódio foi registado. Depois, acompanhado e resolvido.
É no PCC, 24 sobre 24 horas, durante o ano inteiro, que toda a rede é monitorizada. Quanto às ocorrências, os locais mais críticos são as avenidas da República, em Gaia e Matosinhos. O desrespeito pela sinalização, as manobras dos automobilistas a violar o Código da Estrada e distrações de vário tipo originam colisões e atropelamentos.
Mas, afinal, quem tem assento no gabinete? "Contando com os responsáveis, a equipa agrupa cerca de 30 pessoas", contabiliza António Pinto, engenheiro e gestor de sistemas de segurança, já com uma vintena de anos de casa. A equipa vai rodando os seus elementos e um grande trunfo é a experiência adquirida.
Este mês, o metro portuense completa 19 anos de atividade. "Há conhecimento e rotinas", sublinha o gestor, que destaca os eventos de grande escala, tão diferentes entre si mas sempre com multidões, que vão desde a visita do Papa, à final da Liga dos Campeões em futebol, passando pelas noitadas de S. João e Ano Novo, até à semana da Queima das Fitas.
Na sala, um grande ecrã dá nas vistas. Nesse quadro eletrónico, os veículos em movimento estão a ser seguidos ao segundo. É um painel luminoso onde predominam o amarelo, o verde e o vermelho. A cada cor corresponde um significado.
Com a máxima concentração posicionam-se o chefe do Posto, o adjunto e mais quatro reguladores. A estes juntam-se o coordenador da vigilância privada e o chefe da PSP. A presença da Polícia é essencial para resolver "assuntos de segurança pública", sejam acidentes na estrada ou distúrbios, como sucedeu no mês passado numa composição, em que uma altercação entre dois homens ditou a paragem da linha Azul. Também há casos insólitos, como os registados na Ponte Luís I, em que os condutores, inadvertidamente, fazem dos carris do tabuleiro superior uma estrada, só travando a marcha à boca do túnel da Estação de S. Bento.
"É logo acionado o alarme"
"A interação com a Polícia permite-nos ter uma grande agilidade", salienta a diretora Ana Paula Gonçalves, também com muitos anos de casa. "De tempos a tempos lançamos campanhas gratificadas com a PSP para reforçar o sentimento de segurança junto dos passageiros", acrescenta.
Contíguo ao PCC há outro gabinete, onde se cuida da manutenção de equipamentos, como elevadores, escadas rolantes, iluminação e alimentação elétrica das catenárias. "Em caso de colapso é logo acionado o alarme", garante António Pinto. Em nota de rodapé, o gestor revela que o Posto tem geradores próprios e que no caso de falha de energia o dispositivo entra em funcionamento, salvaguardando que o "bunker" não fique às escuras e que a operação de vigilância siga o seu ritmo.
"Em média, por ano, registam-se duas ocorrências com vítimas mortais [suicídios]". No cômputo geral, englobando atropelamentos, colisões e outras situações, "comparando com redes de metro similares, os nossos números são inferiores", assinala.
Novas linhas cabem no Posto de Comando
O controlo dos quilómetros que serão acrescentados à linha Amarela, na extensão de Santo Ovídio até Vila d"Este (Gaia), assim como dos quilómetros da nova linha Rosa, entre a Estação de S. Bento e a Casa da Música (Porto), ainda caberá no PCC. "Serão aqui acomodados", confere António Pinto. Quando a rede crescer ainda mais, através da linha que ligará Santo Ovídio à Casa da Música, com passagem pelas Devesas e uma nova ponte sobre o rio Douro, aí o mais provável será o posto ser redimensionado. Mas a isso só o futuro responderá.