<p>Na Adega Cooperativa de Favaios, no concelho de Alijó, a época de vindima significa trabalho contínuo, com filas de camionetas e tractores carregados de uvas. Entram cheios, saem vazios, para mais tarde voltarem a aparecer com novo carga. Das 8 às 19 horas, os quatro tegões (recipientes onde são despejadas as uvas) funcionam sob orientação do engenheiro agrícola Torcato Botelho. É ele quem decide em qual deles se vertem as uvas. "Depende sempre do grau e dos vinhos que queremos fazer", salienta. À noite, todo o trabalho anda à volta das cubas. Todas as noites há uma reunião entre ele e o enólogo Miguel Ferreira para decidir o que se faz no dia seguinte. E é de acordo com a decisão que se seleccionam mais ou menos uvas para produzir o moscatel "Favaíto", bem como para os vinhos de mesa. </p>
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Dos tegões as uvas seguem para uma câmara onde são esmagadas e desengaçadas (separação da parte lenhosa do cacho). Dali o mosto é bombado para as cubas de fermentação onde, no caso do Moscatel, fica em contacto com as películas do bago durante três dias. A uma certa altura da fermentação é-lhe adicionada aguardente vínica com 77% de álcool para interromper o processo e manter-se doce.
Mas a qualidade dos vinhos da Adega de Favaios não depende só do que sucede a jusante da vindima. A Torcato Botelho cabe-lhe acompanhar os sócios ao longo do ano, para lhes recomendar as melhores práticas agrícolas, pois "sem boas uvas não se fazem bons vinhos". Por isso, foi instituído na cooperativa "um código de vindima que penaliza quem apresentar uvas estragadas". "Somos muito exigentes em todos os aspectos", nota o dirigente Luís Barros, adiantando que está mesmo prevista a expulsão de um sócio "se for descoberto a vender uvas para fora da cooperativa".