Até maio, Banco Alimentar do Porto distribuiu 700 toneladas de alimentos. Apoio mensal para as famílias mais que duplicou em três anos, passando de oito para 18 quilos.
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Desde o início do ano que o Banco Alimentar Contra a Fome do Porto tem recebido menos doações de bens. Até maio, a instituição recebeu 700 toneladas de comida, o que representa uma descida de 20% face ao período análogo do ano passado. Ainda assim, António Cândido Silva, presidente da instituição, destacou o facto de "apesar da situação frágil" que atravessamos, "o cabaz mensal que é distribuído tem vindo a aumentar ".
"Em 2019, o cabaz pesava entre 7 a 8 quilos, em 2020, entre 10 e onze, no ano passado já chegava aos 14 e este ano pesa 18", referiu o responsável, ontem de manhã, no dia em que a instituição homenageou o empresário Mário Ferreira.
António Cândido Silva explicou ao JN que "a maior fatia de donativos continua a chegar das empresas agroalimentares que, por conta da situação frágil que atravessam, continuam a ajudar mas com menos quantidades".
"Apesar de estarmos a receber menos donativos, há a registar que temos conseguido prestar mais apoios"
Seja como for, o Banco Alimentar do Porto continua a ajudar cerca de "58 mil pessoas por mês", destacou, sublinhando que a instituição "tem recebido mais apoios de particulares". "É isso que temos de celebrar. Que a comunidade vive, as pessoas individuais continuam a ajudar o Banco Alimentar", assinalou.
António Cândido Silva, que caracterizou 2021 como "um ano excecional", referiu ainda que "se antes da pandemia o Banco recebeu, por ano, 40 a 50 pedidos pessoais, durante a pandemia o número de solicitações passou para as 500, e depois disso voltou a diminuir para as 150/200".
Entre os produtos mais procurados continuam a estar "a massa, o arroz e a farinha, porque é o que mata a fome", disse o presidente.
"Há necessidade camuflada"
Diariamente, José Amorim, 54 anos, voluntário no Banco Alimentar desde 2018 - altura em que o ex-trabalhador da Petrogal passou para a pré-reforma - marca presença nas instalações da instituição, "das 8 às 16 horas", reforçando que "há sempre coisas para fazer".
A dedicação do voluntário é reconhecida pelos dirigentes, que o colocaram "a coordenar a distribuição", referiu Bárbara Barros, da direção da instituição.
José Amorim, que foi escuteiro, conta que sempre teve "vontade de ajudar, mas como trabalhava aos turnos era "um desejo que foi sendo adiado porque a vida não permitia".
Quando se viu na pré-reforma, José percebeu que era chegado "o momento certo". "Ofereci-me para muitos sítios e o Banco Alimentar foi o primeiro que respondeu", salientou, dando conta que "durante a pandemia, o Banco foi a instituição que fez a diferença".
O voluntário diz, sem reservas, que "há muita necessidade que anda camuflada".
Já Bárbara Barros conta ao JN que uma das necessidades prementes do Banco Alimentar é " mudar o telhado, que ainda é de fibrocimento". A instituição encontra-se na fase de "pedir orçamentos" para depois "procurar financiamento". "Os mecenas que estejam disponíveis para nos ajudarem são sempre bem-vindos", alertou a responsável, explicando que a ideia "é que a obra arranque ainda este ano para depois serem colocados painéis fotovoltaicos".
Detalhes
Nada vai para o lixo
Segundo Bárbara Barros, da direção, o Banco Alimentar do Porto auxilia diretamente "cerca de 300 instituições fixas e mais 20 que são chamadas sempre que há excedentes de bens alimentares que têm um prazo de validade reduzido". "Nada vai para o lixo", vincou.
Equipa de voluntários
Bárbara Barros reforça que "ao contrário de outras instituições, o Banco Alimentar está sempre a precisar de voluntários". Diariamente, as pessoas são distribuídas por dois turnos, cada um com cerca de 30 elementos. Mas, no total, o grupo ronda os 700 voluntários. O Banco fica na Rua Silva Aroso, 1310, em Perafita, Matosinhos.
Reconhecimento
Sócio honorário Mário Ferreira foi homenageado
A homenagem a Mário Ferreira esteve para acontecer no ano passado, quando também foram agraciados Carlos Moreira Silva, a Associação Empresarial de Portugal e Belmiro Azevedo, a título póstumo. Mas, na altura, o sócio honorário do Banco estava no estrangeiro. Ontem, o dia de Mário Ferreira tornou-se "duplamente especial", já que fazia "16 anos de casado". Com a mulher e a filha mais nova, o empresário prometeu que a Rua 6 do armazém - que agora se chama Rua Dr. Mário Ferreira - será para "manter cheia".