Os moradores da Urbanização Horizonte, na praia da Barra, vivem com os cabelos em pé. O barulho de um bar situado na Av. Infante D. Henrique não os deixam dormir. Em cinco dias tiveram "quatro noites em branco".
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"É um inferno", desabafa, ao JN, um grupo de moradores da Urbanização Horizonte, da praia da Barra, depois que um bar reabriu na Av. Infante D. Henrique. "O som da musica que se ouve da rua 'entra' pelos apartamentos o que nos atormenta, não conseguindo dormir, para além do stress que nos causa pela vibração do som em contínuo entre as 23 e as seis, sete da manhã", afirma uma das moradoras da Urbanização que vive no local há mais de duas décadas e que pede anonimato.
"Há casos de apartamentos onde vivem crianças pequenas e jovens estudantes. Aos fins de semana tem sido um tortura", reclama outra moradora que habita o local há seis anos e que lembra que nos 150 apartamentos "há também gente que trabalha e não consegue descansar". "Não se consegue estar deitado porque a trepidação é de tal forma insustentável que ninguém consegue descansar", adianta.
Os moradores acusam a Câmara de Ílhavo de não responder às suas queixas, que remontam ao final de 2007, quando chegaram a enviar um abaixo assinado com meia centena de nomes, onde alertavam para o facto de os moradores não terem sido ouvidos no licenciamento e a traça do edifício ter sido alterada sem autorização dos condóminos.
Já nessa altura se queixavam do ruído nocturno "muito perturbador, provocado pela ressonância do som da musica no interior do bar, quer pelo barulho que os clientes fazem à saída pela madrugada". Segundo afirmam, enviaram uma carta à Câmara em Dezembro, foram a uma reunião do executivo, "mas está tudo na mesma".
"Já chamámos a GNR e eles vêm cá e dizem que nada podem fazer", diz uma moradora da Urbanização, salientando que "os moradores não vão cruzar os braços e tudo farão não só para ter o sono a que têm direito, como também pedir uma indemnização pelos graves prejuízos que estão a ser vitimas".
Ribau Esteves, presidente da Câmara de Ílhavo, refutou ao JN qualquer ilegalidade no licenciamento do estabelecimento. "Está tudo legal", disse. "Já tive uma reunião com o proprietário do estabelecimento depois das queixas que recebemos e disse-lhe como a Câmara actua: primeiro um aviso informal, depois um aviso formal e , depois, uma terceira medida que será a redução do horário de funcionamento". "A conversa que tive foi um aviso informal", acentuou o autarca. O JN não conseguiu falar com o proprietário do bar.