<p>O Bloco de Esquerda vai propor, na Assembleia da República, a criação de um plano integrado para salvar a fábrica de cerâmica Bordalo Pinheiro. A garantia foi dada pela deputada Cecília Honório, que ontem visitou a empresa. </p>
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"Esta fábrica, com 125 anos, tem um património extraordinário e não pode terminar assim", considerou a deputada do BE, defendendo que "o Governo tem de intervir" e criar um plano integrado para recuperação daquela empresa, envolvendo a Autarquia e os trabalhadores.
Cecília Honório visitou a fábrica, ontem à tarde, e esteve reunida com os trabalhadores. A deslocação previa, igualmente, um encontro com a Administração da Bordalo Pinheiro, que não se mostrou disponível para receber a deputada. "Causou-nos alguma estranheza que a Administração não nos recebesse, alegando problemas de saúde do administrador, mas vamos voltar a insistir nesse contacto", assegurou.
A deputada defendeu que deve ser feita uma avaliação da situação da fábrica, no sentido de tentar apurar "o que levou a esta crise" e, se for caso disso, "tentar efectuar uma avaliação séria aos problemas de gestão".
A deputada visitou as instalações da empresa, na zona industrial das Caldas da Rainha, e ouviu os cerca de 170 funcionários que, desde Dezembro, se mantêm a trabalhar, apesar de não receber os salários. "Havia encomendas para acabar e entregar e é isso que estamos a fazer, para provar que esta empresa é viável", explicou Carlos Elias, um dos operários.
A atitude foi elogiada pela deputada do BE. "Ao continuarem a trabalhar, estes funcionários demonstram uma enorme dignidade e merecem o máximo respeito", considerou.
Nos últimos dias, os trabalhadores têm reunido com várias entidades, no sentido de procurar uma solução que viabilize a fábrica de cerâmica. Ontem, estiveram reunidos com o governador civil de Leiria e, para hoje, estão agendadas reuniões no Ministério da Economia e do Trabalho.
Sem o salário de Dezembro e sem perspectivas de vir a receber, alguns trabalhadores estão a passar, entretanto, por dificuldades, alertou Carlos Elias. "Há 20 casais a trabalhar aqui, com filhos e encargos", explicou, contando já ter sido pedida a intervenção da Câmara local, no sentido de serem criadas medidas de apoio social, como cabazes alimentares.