<p>A administração da Beliape desmentiu hoje, quarta-feira, as declarações de ex-trabalhadores e seus representantes que, acusando a empresa de usar engenhos explosivos e possuir "armas de fogo e capangas", provocam uma "agitação" prejudicial à recuperação da fábrica.</p>
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Em causa estão os recentes conflitos entre a administração da Beliape -- Avicultura e Pecuária SA, e os ex-funcionários, que vêm reclamando salários em atraso à porta dessa empresa de Oliveira de Azeméis -- cuja administração extinguiu, no final de 2010, 90 dos seus 120 postos de trabalho, 62 dos quais por despedimento e 28 por auto-rescisão.
"É totalmente falso que elementos afectos à empresa tenham usado engenhos explosivos contra os trabalhadores e que estejam munidos de armas de fogo. É totalmente falso que ao serviço da empresa estejam 'seguranças' ou 'capangas', conforme vem sendo afirmado", refere um comunicado da empresa.
Para a administração da Beliape, "a agitação que vem sendo desenvolvida não promove a imagem da empresa junto dos fornecedores e clientes, prejudica gravemente a concretização de negociações com diversos credores e põe em causa a estratégia comercial que se pretende para o futuro, atendendo a que as parcerias que estão a ser negociadas podem estar em risco".
A Beliape rejeita também que "a advogada, 'supostamente' em representação dos trabalhadores, tenha sido expulsa das instalações da empresa" e nega que a fábrica esteja a ser desmantelada através da retirada de maquinaria.
Negando que a maioria dos trabalhadores tenha cinco meses de salários em atraso, os responsáveis da empresa lamentam que a mesma advogada "nunca tenha solicitado junto da administração o agendamento de uma reunião para discutir os interesses dos seus representados".
No mesmo comunicado, a administração da Beliape diz repudiar "a atitude dos trabalhadores manifestantes, pelos insultos e tentativas de agressão com que intimidam os operários no activo, quando estes entram ou saem das instalações da empresa".
Contactada pela Lusa, Carla Campos, a advogada que representa cerca de 40 trabalhadores da Beliape, disse não fazer "comentários sobre o comunicado".
"O meu trabalho vai fazer-se na barra do tribunal".
O presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Hermínio Loureiro, diz-se "obviamente preocupado com os acontecimentos registados nas instalações da fábrica".
"Ainda ontem [terça-feira] me desloquei ao local, tendo trocado impressões com os trabalhadores e inclusive com a administração, a quem demonstrei a disponibilidade da autarquia para apoiar naquilo que for possível", revelou à Agência Lusa o autarca.
Hermínio Loureiro garantiu ainda esperar que a "questão se resolva da melhor forma para todas as partes envolvidas", acrescentando que, "apesar da grave situação, é fundamental que os direitos dos trabalhadores sejam atendidos, de forma a salvaguardar as suas condições familiares e sociais".
