O plano de reestruturação existe e prevê a redução do quadro de pessoal. Mas isso não quer dizer que o Santuário de Fátima esteja em situação de "falência".
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É uma medida cautelar para garantir a sustentabilidade financeiro no futuro, que contempla a antecipação de reformas e o acordo amigável com os trabalhadores, esclareceu esta terça-feira a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
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A reitoria do templo mariano tem estado a reunir com os mais de 300 funcionários, convidando-os a antecipar a reforma ou a rescindir amigavelmente, como parte de um plano de reestruturação que visa fazer frente às quebras imediatas das receitas por causa da pandemia, e ao possível impacto financeiro provocado pela redução de peregrinos que se pode prolongar nos próximos tempos.
A medida tem gerado alguma indignação junto de colaboradores, ex-colaboradores e fiéis, e foi um dos temas em análise na reunião do Conselho Permanente da CEP, que se realizou esta terça-feira em Fátima. No final, os bispos deixaram um voto de confiança à reitoria do santuário e asseguraram que o plano em curso não prevê despedimentos. "Não se trata de despedimentos mas de enfrentar os próximos tempos através da antecipação de reformas, ou de acordos com os próprios trabalhadores, sempre por iniciativa deles", esclareceu o porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa.
"A CEP mostra apreço por aqueles que estão à frente da coordenação da direção do Santuário de Fátima", quer na promoção da mensagem de Fátima, no acolhimento aos peregrinos, no exercício da dimensão social, na gestão e racionalização de meios e estruturas, e está "em sintonia" com as suas "orientações", disse o sacerdote.
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Em comunicado, emitido esta terça-feira, o Santuário de Fátima veio clarificar também que "não está, como nunca esteve, em falência nem numa situação de insolvência", e que "todas as medidas definidas e tomadas visam manter uma gestão rigorosa, equilibrada e profissional para garantir preventivamente a sustentabilidade no futuro".
O documento recorda que, desde que começou a pandemia de Covid-19, as quebras de peregrinações organizadas atingiram os 99 por cento, o que originou uma diminuição de 77 por cento no volume de donativos. E revela que, ainda assim, foram assegurados os compromissos com os trabalhadores e fornecedores e concedidos apoios de 780 mil euros, no primeiro semestre do ano, a instituições de solidariedade social, famílias carenciadas e à Igreja em Portugal.
"Tendo em conta o contexto socioeconómico atual e a necessidade de baixar despesas, foram suspensos investimentos que não tivessem caráter de urgência, o programa regular de atividades pastorais foi reduzido de forma significativa, com o cancelamento de muitos dos eventos anuais, o programa cultural foi substancialmente diminuído e todos os departamentos apresentaram medidas de redução de gastos", refere a mesma nota.
Para os responsáveis do Santuário, as acusações relacionadas com os vencimentos do reitor, vice-reitor e ecónomo (muito acima das auferidas pelos restantes sacerdotes) "não traduzem a realidade dos factos" e resultam, em grande parte, "de uma campanha organizada dentro da Igreja diocesana".