A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis despediu uma operacional alegando que, devido à doença oncológica de que padece, não tem função adequada. A decisão criou descontentamento no quadro ativo, que considera o despedimento "injusto".
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Susana Nogueira, 34 anos, ingressou como bombeira profissional na Equipa de Intervenção Permanente da corporação em 2012, ao serviço da qual combateu incêndios e socorreu vítimas. Exerceu ainda voluntariado na mesma associação.
A carreira nos bombeiros acabaria por ser interrompida em abril de 2019, quando lhe foi diagnosticado cancro da mama. Susana travou uma dura luta contra a doença até outubro de 2020.
Em dezembro desse ano, Susana Nogueira passou para a central telefónica por sugestão da Medicina no Trabalho, serviço temporário mais adequado à condição de doente oncológica, consideraram os médicos.
No mês passado, a Autoridade para as Condições do Trabalho detetou inconformidades no trabalho da bombeira e na remuneração. Neste mês, Susana recebeu uma carta da direção informando-a do seu despedimento, no dia 31, e na qual justifica o desfecho com o facto de "não haver função adequada à bombeira devido às alegadas condicionantes de saúde".
Para tribunal
A operacional, que afirma que, ao longo de um ano, cumpriu as funções para a qual foi destacada na central telefónica, não se conforma e prepara-se para dirimir a contenda em tribunal. Alguns camaradas têm-se mostrado solidários com a bombeira, tendo o anúncio do despedimento causado mal-estar entre o corpo ativo.
Ao JN, o presidente da direção da Associação Humanitária, António Gomes, diz que "tudo foi feito" para manter a bombeira em funções. "Fizemos tudo para readaptá-la. Há indicação médica para não trabalhar à noite, mas o serviço tem turnos", adianta. António Gomes frisa que, por isso, "não se pode inventar lugares que não existem".