Bombeiros dizem que não tiveram como evitar a morte de 73 cães e gatos no incêndio que chegou sábado à Agrela.
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Instalados em plena serra da Agrela e rodeados de uma mata de eucaliptos, os dois abrigos de animais de Santo Tirso que arderam não escaparam ao desfecho que há muito se adivinhava: o fogo que já havia rondado na sexta-feira voltou em força na tarde de sábado, e os bombeiros que estiveram no combate às chamas afirmam ao JN que não houve como evitar a morte dos cães e gatos que estavam no interior. A Câmara contabiliza 73 animais mortos.
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"A evolução foi extremamente rápida. O fogo estava a subir a encosta, e foi num ápice. As labaredas estavam muito grandes, e não havia segurança para passarmos para o canil. Devido à propagação, condições e evolução do incêndio, era impossível colocar, em tempo útil e em segurança, meios naquele local", sublinha Rute Neves, segunda-comandante dos Bombeiros de Santo Tirso, frisando que o fogo decorreu de um reacendimento nas traseiras do abrigo onde morreram animais, muitos acorrentados, e que enviar meios para o local quando o fogo o atingiu seria "pôr os bombeiros em risco".
"Era impossível salvar aqueles animais", vinca o comandante da corporação, Filipe Carneiro, referindo que as chamas chegaram ao abrigo cerca das 15.30 horas e que, "inicialmente, era impossível lá entrar. Não havia condições".
Cerca das 20 horas, o incêndio que evoluíra desde Sobrado, em Valongo, e obrigara à evacuação de habitações do lugar da Fonte, antes da subida para a serra, já ali tinha cedido, e ganhava força na fronteira com Paços de Ferreira. Foi por volta dessa hora que Lígia Andrade, da Associação Midas, subiu até ao Cantinho das Quatro Patas e ofereceu ajuda às duas proprietárias. "Vi o abrigo todo ardido, e disse-lhes para tirarem os cães do risco em que estavam, e que nós os alojávamos e depois voltávamos a dá-los. Recusaram sempre", contou a responsável, que nesse dia também contactou o veterinário municipal - anteontem suspenso de funções -, a contar o que vira e a solicitar a presença no local.
Na terça-feira, durante uma visita ao canil municipal, o presidente da Câmara reiterou que "todos sabiam" dos dois abrigos na serra da Agrela, e lembrou as "duas contraordenações" levantadas pelo Município.
Alberto Costa reafirmou ainda que "a DGAV [Direção-Geral Veterinária] tem conhecimento desde sempre" dos espaços, porque o "veterinário municipal é o representante legal da DGAV cá".
Alterações
Reforço de sanções nos crimes contra animais
As sanções aplicáveis aos crimes contra animais de companhia foram reforçadas com um conjunto de alterações ao projeto de lei apresentado pelo PAN. Caso a morte de um animal seja "produzida com especial censurabilidade ou perversidade", a moldura penal é até dois anos e meio. Passaram a existir procedimentos específicos para que as autoridades façam buscas e revistas quando existem suspeitas de maus-tratos, estando a apreensão dos animais prevista no código de processo penal.