Os Bombeiros Voluntários de Provesende, Sabrosa, precisam urgentemente de mais viaturas de combate a incêndios. Os pedidos não têm tido resposta. À falta de melhor adaptaram às necessidades carros velhos. E servem.
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"Quem não tem cão caça com um gato". O ditado é velho, mas não raras vezes adapta-se que nem uma luva à realidade. A uma realidade amargada pelos bombeiros de Provesende, fartos de esperar que o Governo os dote de, pelo menos, "um pronto-socorro florestal e uma ambulância", contenta-se o comandante da corporação, Ilídio Pinto.
Quem entra no já pequeno e degradado quartel até vê muitas viaturas. Outras dispõem-se no parque da retaguarda. "A maior parte já não tem condições. Outras nem funcionam", diz Pinto. Mas há as que ainda servem. Mais "idosas" que muitos dos voluntários que ali prestam serviço. É o Magirus e a Toyota Dyna. Ele com mais de 40 anos, ela com 28. Ambos foram recuperados e adaptados pelos bombeiros. A necessidade aguça o engenho. Vai daí toca a "inventar" e transformar um e outro em viaturas operacionais. "Restaurámos os carros, comprámos os materiais necessários e pronto, aí estão", explica o comandante.
Além da pintura vermelha, a carrinha levou um tanque de 2200 litros de água, bem como sítio para transportar os soldados da paz no que anteriormente foi a "caixa aberta". Por seu lado ao Magirus foi-lhe adaptado um depósito de 3500 litros de água e a cabina foi retocada para levar seis homens.
"Basicamente só os levamos para ocorrências dentro da freguesia", avisa o comandante, até porque, dada a idade, quem os conduz não pode exigir muito deles. E se tivermos em conta as encostas íngremes voltadas aos rios Douro e Pinhão, em que se situam as povoações que a corporação serve, o melhor é mesmo não arriscar. "Os homens já sabem com que tipo de material andam e têm o máximo cuidado a lidar com ele", reforça Ilídio Pinto.
E nisto voltam-lhe à lembrança as "tantas vezes" que já solicitou melhores condições para esta Associação Humanitária, prioridade absoluta para as viaturas, que "voluntários ainda vai havendo". Actualmente são 47 em Provesende. Enquanto espera, os bombeiros vão-se valendo dos veículos de recurso adaptados às novas funções. "E agora estão a tratar de restaurar um jipe que já tem 30 anos", recorda o comandante. Assim como lembra que o Magirus veio da Alemanha. "Pertenceu aos bombeiros de Kaiserslautern". Juntamente com outro parecido vieram para Provesende através da embaixada Portuguesa na Alemanha. Mas um já se finou de vez. Resta o que agora ostenta "Bombeiros", em português, embora mantenha a matrícula alemã.