Voluntários de Valongo têm quatro equipas especializadas, que são chamadas a outros concelhos.
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São voluntários, mas têm equipas de salvamento em altura, de resgate em águas bravas, de mergulhadores e até de BTT. Em Valongo, os bombeiros são todo-o-terreno. Muitas vezes, são chamados para ajudar noutros concelhos.
Entra-se no quartel, quase em frente à Câmara Municipal, e azáfama é constante. Dois carros saíram para dar apoio no combate a um fogo em Ermesinde, há cadetes e aspirantes em exercícios de formação. "Ao contrário do que acontece noutras corporações, que se queixam de não ter ninguém interessado em ingressar, aqui não sentimos esse problema", observa César Vidal, adjunto de comando.
Uma das explicações para o fenómeno será, precisamente, a dinamização de várias equipas na corporação, admite o comandante, João Santos. Ele próprio integra duas equipas. Os Voluntários têm cerca de 170 bombeiros (110 no corpo activo, que é bastante jovem).
Tudo começou nas alturas. Ou nas profundezas, dependendo da perspectiva. Num concelho com uma vasta área de serra, onde proliferam os poços e as minas, os Voluntários de Valongo aproveitaram o curso de salvamento em grande ângulo - é esta a designação técnica - da Escola Nacional de Bombeiros para reforçaram competências numa área de necessidade constante.
As serras de Valongo são muito procuradas para actividades de lazer e, volta e meia, há quem tenha de ser socorrido. "Há sempre pessoas mais distraídas e outras que se aventuram a descer sem ter os conhecimentos necessários".
Se antes o salvamento era feito com conhecimentos pouco mais que rudimentares, a formação permitiu criar uma equipa especializada, com 19 elementos activos, para acudir a situações de aflição lá no fundo ou lá no alto. Curiosamente, a primeira intervenção prendeu-se com o salvamento de um operário do cimo de uma grua, recordou João Santos, acrescentando que também já socorreram uma vaca que tinha caído num poço, em Gondomar.
A formação é contínua: há treinos semanais, o que implica grande disponibilidade. O mesmo acontece a quem pertence às restantes equipas. Como a de mergulhadores. Os exercícios são feitos no Douro, antecipando eventuais cenários de intervenção. "Interessa-nos estar bem preparados", sublinhou João Santos, lembrando que os oitos mergulhadores servirão, essencialmente, para dar apoio noutros concelhos.
Na área de intervenção dos Voluntários de Valongo só há o rio Ferreira, que tem um caudal reduzido. O que não impede a corporação de contar ainda com uma brigada para resgate em águas bravas, com formação importada dos Estados Unidos e da América do Sul. São 14 elementos preparados para actuar em cenários agrestes e que também servirão para ajudar, sobretudo, em municípios vizinhos. Ou em zonas mais longínquas, uma vez que este tipo de unidades são uma raridade no país, recordam os responsáveis da corporação.
Pedalada é o que não falta à equipa de BTT, com oito elementos. Nuno Dias, segundo comandante, que o diga. É um dos impulsionadores do grupo que já é chamada para dar assistência a provas e passeios de bicicletas todo-o-terreno. Nas mochilas vai material de socorro. Nuno Dias recorda que a bicicleta permite chegar a locais onde os jipes não conseguem aceder e que as pedaladas pela serra também servem para fazer vigilância contra os fogos. "Ainda ficamos a conhecer os caminhos que existem".
O material que equipa as diferente brigadas é caro e representa um esforço considerável para a corporação. O segundo comandante lamenta a falta de apoio das entidades oficiais.