No hospital, o trajeto das crianças até à sala de cirurgia é feito em mini carros elétricos, oferecidos por empresa da cidade.
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São quase 15 horas e Ricardo Magalhães, 7 anos, aproveita o colo da mãe e o telemóvel enquanto não é chamado para a cirurgia às amígdalas e adenoides, no Hospital de Braga. Está tranquilo, porque o irmão gémeo passou pelo mesmo e correu bem, mas ao mesmo tempo "cheio de fome", depois de um jejum forçado de quase oito horas. Um apetite que o deixou impaciente, mas não por muito tempo. Assim que se abriram as portas da sala de espera e percebeu que o percurso até ao bloco operatório seria feito através de um carrinho elétrico, os olhos arregalaram-se e a barriga deixou de dar horas.
A máscara não permitia ver o sorriso, mas as gargalhadas do pequeno Ricardo eram audíveis a todos, logo que se agarrou ao volante do mini-BMW e transformou um longo corredor do hospital numa pista automóvel. Teve autonomia para fazer várias manobras e pequenas corridas, com a supervisão da mãe e dos profissionais de saúde, que o tentaram animar, antes de o menino passar do lugar do condutor para a maca da cirurgia. "Nem me lembrei que estava com fome, quando estava a conduzir. Foi muito divertido. Quando chegar a casa vou contar ao meu irmão", diz Ricardo, ainda extasiado com a primeira experiência num carrinho elétrico, igual ao que vê nos shoppings. "O irmão fez a mesma operação noutro hospital e não teve direito a uma coisa destas. Foi uma surpresa", regozija-se a mãe, Isilda Araújo.
Dois carros elétricos infantis chegaram, na segunda-feira passada, ao Hospital de Braga pelas mãos da empresa Volt-e, que quis contribuir para "o bem-estar" dos mais pequenos durante a hospitalização. "A cirurgia pode ser um momento extremamente angustiante para a maioria das pessoas, quanto mais para uma criança", sustenta Dina Araújo, diretora financeira e comercial.
Celeste Machado, enfermeira-chefe do bloco operatório, confirma "os medos" de crianças e pais. "O momento em que deixam a sala de espera e vão para a sessão operatória é de grande ansiedade. Há choro, não querem largar a mãe. No entanto, quando acordam, já têm os pais ao lado. Temos esse cuidado", conta a profissional, sublinhando a importância dos brinquedos como elementos de "distração". "É muito bom vê-los a brincar e com o sorriso na cara, antes de irem para uma cirurgia", reforça a enfermeira.
Experiência em quatro rodas noutros hospitais
A ideia de transformar o caminho até ao bloco operatório numa estrada de brincar já é posta em prática noutros hospitais do país. É o caso do serviço de Pediatria do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), que recebeu recentemente exemplares de um Volkswagen Amarok e dois Lamborghini Urus, em formato miniatura. Todas as unidades hospitalares da Lusíadas Saúde contam, também, com mini-BMW para reduzir a ansiedade no momento que antecede a operação.