<p>José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto não tocavam juntos desde os anos 70. Mas, hoje e amanhã (quinta e sexta-feira), no Campo Pequeno, em Lisboa, e a 31 deste mês e 1 de Novembro, no Coliseu do Porto, reúnem-se em concerto histórico. Chamam-lhe "Três cantos".</p>
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Três dos nomes de referência da história da música portuguesa prometem surpreender o público. Na verdade, há muita expectativa em torno deste encontro, o que justifica que, logo que o espectáculo foi anunciado, em Agosto deste ano, os bilhetes rapidamente tenham esgotado, obrigando a produtora a marcar duas novas datas - mais uma para Lisboa e outra para o Porto -, também já com sala cheia.
Embora já tenham estado juntos em palco há mais de 30 anos, nessa época, os três cantautores partilharam-no com outros companheiros de canções, nomeadamente José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria ou Manuel Freire. Daí que, na prática, "Três cantos", cujo primeiro espectáculo terá lugar a partir das 21.30 horas, seja, de facto, o primeiro em que participam em conjunto.
"Três cantos", ao juntar intérpretes e autores cujas carreiras e percursos de vida se cruzam e revelam afinidades, "não pretende ser uma mera soma de partes", como disse José Mário Branco, e muito menos um espectáculo "de três velhinhos a olhar para o passado", como também já fez questão de sublinhar.
A ideia teve seis anos de maturação e começou a partir do momento em que Sérgio Godinho convidou José Mário Branco para gravar consigo em 2003 e, um ano depois, ter José Mário Branco convidado Sérgio e Fausto para participarem no álbum "Resistir é vencer". De então para cá, sempre ponderaram que o reencontro dos três seria inevitável, mas não foi fácil conciliarem as agendas respectivas.
O concerto de hoje, de mais de duas horas, que será devidamente documentado para edição posterior em CD e DVD, tem um alinhamento mistério, que inclui 30 canções, entre as quais um tema inédito - "Faz parte" -, assinado por José Mário Branco e Sérgio Godinho.
Os intervenientes admitem que não foi fácil a gestão do universo de canções pertencente a cada um deles. Num ensaio do espectáculo, ocorrido no passado dia 12, José Mário Branco explicou que a escolha foi, de facto, difícil. "Cada um trouxe oito canções suas, mais uma dos outros dois. Depois, debatemos uma a uma, até chegar a um consenso".
Apesar do secretismo dos temas escolhidos, os músicos já fizeram saber quais os que não irão faltar: "Barca dos amantes", letra de Sérgio Godinho e música de Milton Nascimento; "Rosalinda", letra e música de Fausto, e "Charlatão", letra e música de José Mário Branco. E haverá também uma canção "menos conhecida", de José Afonso, uma homenagem que os três pretendem fazer a alguém que foi uma referência nas suas vidas. Por vezes, os músicos estarão os três a cantar; noutras, surgirão a solo ou apenas em dueto.
Em palco, a acompanhá-los, estarão Filipe Raposo, no piano e acordeão; Enzo D'Aversa, nas teclas e acordeão; João Mário Santos e Sérgio Nascimento, na bateria; João Ferreira, na percussão; Vítor Milhanas, no baixo; João Maló e Miguel Fevereiro, nas guitarras; Tomás Pimentel, Guto Lucena e Luís Cunha, nos sopros; Rui Vaz e José Manuel David, na gaita-de-foles, percussão e coros, e Guilhermino Monteiro, Fernando Pinheiro, Manuela de Brito, Sara Corte-Real, Inês Salselas e Ana Rita Inácio, nos coros. José Peixoto, na guitarra, e Carlos Bica, no contrabaixo, assinalam as participações especiais.