Carne, patas de galinha, sardinhas ou chouriço com veneno, possivelmente estricnina, têm sido usados como isco para matar cães de caça em Paredes de Coura. As associações do sector falam em "inveja" e "guerras de território" entre caçadores.
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"Aquilo são iscas preparadas para os cães comerem quando caçam. Alguns morrem na hora e outros, como foi o caso do meu, são encontrados mortos depois ou desaparecem. No meu caso, chegou-se à hora de almoçar, metemos os cães nas gaiolas e, quando voltámos e fomos tirá-los para voltar a caçar, o meu já estava estendido", contou Eduartino Cunha, que perdeu o animal no primeiro dia em que foi com o grupo caçar para Lamas, em Vascões.
"Alguém está por trás de tudo isto. Para mim é inveja dos que pensam fazer isto para poder caçar à vontade. É muito mau de compreender", lamenta o caçador, lembrando um colega que terá perdido três cães e outro que ficou sem uma cadela. Eduartino Cunha é membro da Associação de Caçadores do Alto Minho (Travanca), uma das quatro de Paredes de Coura que estão no terreno a caçar desde o primeiro domingo de Outubro, em grupos de cinco elementos cada um.
Pertencente à associação de Caçadores da Boalhosa, Eduardo Barros conta: "Houve um caso há cerca de 15 dias, no perímetro da nossa associação com a do Extremo, entre Paredes de Coura e de Arcos de Valdevez, em que encontrámos três cães envenenados. Eram dois associados nossos, um ficou sem dois e outro um", diz, indignado. "O facto de ser época de caça leva-me a pensar que seja guerra de caçadores. Inveja. O caçador, por natureza, é invejoso e atendendo à localização das iscas, dá a entender isso". Barros admite também que as "iscas" possam ter como destino as alcateias de lobos ou raposas, que atacam o gado.
"Isto é totalmente condenável", sublinha, referindo ter conhecimento de sete mortes de cães por envenenamento com estricnina, uma substância "difícil de encontrar" e que seria muito utilizada noutros tempos. "Estas situações, na altura do terreno livre, aconteciam com muito mais frequência porque havia muita inveja e grupos que colocavam veneno para afastar os outros. Coura era até muito conhecida pelo envenenamento de cães. Desde que foi criado um regime cinegético especial, e a nossa associação já tem 11 anos, nunca tivemos um caso. Aconteceu este ano", lembra Eduardo Barros, concluindo que o caso foi participado à GNR e será comunicado à entidade "SOS venenos".
"A Associação de Caça e Pesca de Paredes de Coura não tem tido esses problemas, mas possivelmente algumas brincadeiras de mau gosto aconteceram", comenta o membro de outra associação, Ivan Morais. Paredes de Coura será, segundo as associações de caçadores, o concelho que, juntamente com Arcos de Valdevez, maior tradição tem em termos de caça, nomeadamente de coelho, perdiz e javali.