Emblemático estabelecimento no Porto foi renovado, mas a decoração do espaço é a mesma. Bilhares mantêm-se e zona de churrasco é a novidade.
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O emblemático Café Ceuta, no Porto, volta a abrir portas em setembro de cara "lavada", mas com muitas das linhas originais que marcam o espaço. Onze meses depois de ter encerrado para obras, o característico café, dos anos 50, na Rua de Ceuta, volta de novo à vida trazendo algumas novidades, mas mantendo o mesmo espírito.
As luzes néon há muito que se apagaram, mas quem passa na Rua de Ceuta, na Baixa, não fica indiferente ao carismático café outrora muito procurado para tertúlias e reuniões políticas.
Por agora, as vitrinas ainda estão cobertas por folhas de jornal. Mas não será assim por muito mais tempo, garante Nuno Castro, novo sócio maioritário do Café Ceuta e um eterno apaixonado pelo clássico.
"A modernização não pode calcar a história", diz Nuno, explicando que tentou manter todas as linhas originais do estabelecimento. "Não mudei praticamente nada no Ceuta. Todas as mesas, sofás, cadeiras foram alvo de restauro para manter a identidade do café", explica o empresário.
A maior mudança será o balcão, mas apenas por "não ser esteticamente agradável nem se enquadrar no café", justifica.
Apesar de o plano inicial prever a eliminação do salão de jogos, Nuno Castro garante agora que as mesas de jogo voltarão para o piso inferior. "O projeto foi alterado e vamos voltar a ter os bilhares. Pelo menos uma mesa de snooker e uma de bilhar livre", acrescenta o novo sócio.
Novidades
As mudanças mais radicais incluem um bar para cocktails no piso inferior, onde antes havia um palco, e no superior uma zona de "churrasco ao vivo" [visível par aos clientes] e um espaço que se divide em café e restaurante.
"Vamos ter o mesmo Café Ceuta, com quase todos os traços originais, mas de cara lavada e limpa", diz o empresário, admitindo que o espaço estava já degradado e a precisar de intervenção.
Ao contrário de outros espaços históricos da Invicta que sucumbiram após as tentativas de modernização, o Café Ceuta, inaugurado em 1953, resistiu à mudança dos tempos e promete ressurgir agora com um novo fôlego.
HISTÓRICOS
Café Guarany
Este é um exemplo de sucesso. Inaugurado em 1933, o Café Guarany, na Avenida dos Aliados, degradou-se com o passar dos anos, mas em 2003 foi recuperado com o compromisso de manter a tradição. O espaço voltou a ter a mesma imagem do dia da inauguração.
A Brasileira
Foi adquirido pelo antigo selecionador nacional António Oliveira e, depois de uma reabilitação e reconstrução profunda, o café, em frente ao Teatro Sá da Bandeira, reabriu em 2018. O imóvel integra um restaurante e um hotel de cinco estrelas com 90 quartos e seis pisos.
Café Progresso
Aberto em 1899, é um dos cafés mais antigos da cidade e não resistiu à mudança dos tempos. Em 2017 foi vendido, mas no final de 2018 acabou por encerrar. Voltou a mudar de mãos, desta vez para o grupo José Avillez, que iria mudar a identidade do espaço. Mas a pandemia veio e o negócio ficou sem efeito. O Café Progresso, junto à Praça Carlos Alberto, continua parado à espera de nova vida.
Café Majestic
Este continua a ser o café mais icónico da cidade do Porto. Encerrou em 1992 para restauro e só voltou a abrir passados dois anos com o mobiliário original. Continua a ter filas à porta.