Sanitários públicos encerrados no Porto deixam muita gente sem alternativa. Câmara justifica fecho de equipamentos com sucessivos atos de vandalismo.
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Em zonas da cidade do Porto onde os WC públicos estão encerrados, os proprietários de cafés e confeitarias estão fartos de ver os estabelecimentos serem usados apenas como sanitários por clientes que nem sequer consomem. A situação agrava-se agora, com a cidade repleta de turistas, mas também taxistas e utentes de jardins somam queixas quanto à falta de quartos de banho.
Na Praça da República, com os sanitários fechados há bastante tempo, são muitas as pessoas que, em aflição, entram no café onde trabalha Ângela Pontes. "Temos tido muita procura de pessoas a pedir para utilizar a casa de banho, os que mais pedem são os turistas. Para utilizarem é preciso consumir, mas grande parte das vezes até deixamos ir", explica. Muitos proprietários de cafés proíbem o uso das instalações para quem não consome, mas nem sempre é possível controlar a confusão.
"A procura é grande. Antes deixávamos ir ao WC, mas as pessoas começaram a ser desrespeitosas e sujavam tudo, pelo que passou a ser proibido caso o cliente não consuma. Mesmo assim, abrem-se exceções para idosos e para quem pede com educação", afirma Mathe Figueiredo, de outro café na Praça da República.
"Eu pergunto se vão consumir alguma coisa, mas as pessoas nem ligam, entram logo", observa Luís Freitas, com estabelecimento no Marquês, onde os WC sob o coreto também estão encerrados. Maria Carneiro, funcionária de uma pastelaria, referiu que o pior é que muitas pessoas que só usam o WC deixam os sanitários sujos. "Nem todos consomem e depois ainda temos de levar com a porcaria que eles fazem...", desabafou.
Contactada pelo JN, a Câmara do Porto explicou que os WC estão fechados devido a atos de vandalismo. Na Praça da República, as instalações eram geridas pela União de Freguesias do Centro Histórico, mas os "múltiplos atos de vandalismo e ocupações indevidas com ameaça à integridade física dos funcionários não permitiam o seu regular e saudável funcionamento". Para evitar a ocupação por sem-abrigo, o acesso foi mesmo vedado com um gradeamento. No Marquês, os WC chegaram a estar afetos à cafetaria que ali funcionou. Mas também se sucederam atos de vandalismo, que levaram ao fecho.
taxistas afetados
No Largo Mompilher também há quartos de banho encerrados. "As referidas instalações sanitárias encontram-se associadas ao acordo de ocupação do domínio público referente ao quiosque existente no largo. Neste momento, as instalações estão degradadas, informando-se que está em curso o desenvolvimento de projeto de execução para requalificação das referidas instalações sanitárias", explicou a Câmara.
Os taxistas são dos que mais sofrem com a falta de WC públicos. Os centros comerciais são uma alternativa. "Por vezes uso a do café, mas como vivo aqui perto pego no carro e vou até casa", referiu Serafim Almeida. Cristina Martins aponta que os WC portáteis por vezes não são solução, porque se encontram avariados.
A PAGAR
WC portáteis e balneários são alternativas
Pela cidade vão existindo alternativas, como os WC portáteis, mas a pagar. No Campo 24 de Agosto, por exemplo, existem os balneários geridos pela Junta do Bonfim que também têm sanitários (estiveram temporariamente fechados devido a uma fuga de água). Um equipamento do género existe na zona da praia dos Ingleses, onde também é preciso desembolsar 20 cêntimos para usar as instalações sanitárias. Carlos Veigas, funcionário, explica que há quem proteste, mas também há muita gente que concorda com o pagamento e até elogia a limpeza das instalações. "É como tudo, há pessoas que acham muito bem e outras que não", referiu.