<p>Cerca de duzentos pais não deixaram esta quinta-feira os filhos ir às aulas na escola que acreditam causar doenças. A Câmara, por seu turno, acusa a escola de usar produtos de limpeza abrasivos e vai reunir com os pais na terça-feira.</p>
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O problema da escola primária de Moutelas, a maior de Felgueiras, com 360 alunos, não é novo. Há quatro anos quando as novas salas da ala direita do imóvel ficaram prontas, Armindo Gomes, então presidente da Associação de Pais, avisou que elas largavam um cheiro intenso que provocava mal-estar. "Só que ninguém ligou nenhuma".
"Fez ontem 15 dias que o meu neto se queixou de dores de barriga. Tinha 39,5 de febre. Isso é do piso", afirma Maria Celeste Silva. Há inclusive atestados médicos passados atribuindo os problemas de saúde ao ambiente da escola. Sandra Patrícia garante que a filha, com seis anos, está com uma pneumonia. "A médica disse-me que a minha filha era saudável antes de vir para esta escola", frisa.
"Há pelo menos dez alunos e quatro professores com pneumonias, alergias, febres e outras indisposições" assegura António Faria, presidente da Associação de Pais, que admite comprometer o regresso às aulas,em 15 de Abril, caso não sejam feitas obras. Os líderes dos dois principais partidos da oposição - João Sousa, do PSD, e Eduardo Bragança, do PS - solidarizaram-se com os pais das crianças de Moutelas.
A presidente da Câmara Fátima Felgueiras convocou uma reunião com os pais para a próxima terça-feira, com a presença da de um representante da Direcção Regional de Educação do Norte, o delegado de Saúde e ainda da coordenadora da escola.
Em Janeiro passado, a Associação de Pais pediu à Câmara a substituição do piso das salas sinalizadas, principal causa do problema, no seu entender. Fátima Felgueiras respondeu com uma carta aos encarregados de educação garantindo que "em todas as obras foram seleccionados materiais de qualidade", tendo sido feitas análises ao pavimento e ao ar.
Em resultado das análises, que detectaram níveis elevados de dióxido de carbono, foi recomendado à escola a alteração de produtos de limpeza e o arejamento das salas de aula. "Tivemos a oportunidade de confirmar o incumprimento por parte da escola da principal recomendação", acusa a autarca. Além disso, denuncia, a escola tem vindo a utilizar produtos abrasivos com amoníaco, "completamente inconvenientes e desadequados".