O presidente da Câmara de Arouca revelou, esta quarta-feira, que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte está recetiva a atribuir mais 30 horas de serviço aos dois novos médicos anunciados para exercerem no município.
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Segundo declarou José Artur Neves à Lusa, foi essa a resolução adotada no encontro da manhã de hoje entre responsáveis da autarquia e os administradores da ARS, enquanto populares de Arouca se manifestavam na rua, à porta da sede do organismo.
"Os dois novos médicos anunciados para Arouca têm um total de 60 horas atribuídas [por semana] e a ARS manifestou disponibilidade para lhes atribuir mais 30 horas, ou no Centro de Saúde de Arouca ou na extensão de Alvarenga", revelou o presidente da Câmara.
"Ora, como dois médicos novos não são suficiente para resolver o problema de Arouca, pedimos que essas 30 horas também sejam atribuídas para lá e que para Alvarenga se arranje uma solução alternativa", acrescenta o autarca.
A situação específica de Alvarenga prende-se com o facto de os utentes dessa localidade se encontraram a uma distância de 20 a 30 quilómetros do Centro de Saúde de Arouca, sem garantias de efeito atendimento pelo médico.
José Artur Neves garante que essa extensão de Saúde "já não estava sem médico desde os tempos da outra senhora" (período da Ditadura) e afirma que "não se compreende como é possível ter chegado a este ponto".
Admitindo que a ARS possa ter dificuldade em encontrar profissionais disponíveis para se fixarem nessa freguesia serrana, o autarca defende, contudo, que há soluções alternativas.
"Se estão a contratar médicos a empresas, por que é que também não contratam os médicos reformados que vivem em Alvarenga e que até já se disponibilizaram para trabalhar dois ou três dias por semana?", questiona.
Para o presidente da Câmara, encontrar uma solução para os problemas do serviço de Saúde em Arouca "é da mais elementar justiça, para acabar com as diferenças de tratamento" que terão sido reconhecidas até pela tutela.
"O administrador da ARS disse-nos que, na generalidade de toda a região Norte, 95% da população tem médico de família", observa. "Se o nosso município só tem 37% de cobertura, como acontece na atualidade, é porque estamos realmente perante uma situação de grande desigualdade, o que é inaceitável".
O autarca de Arouca reuniu-se com responsáveis da ARS do Norte, e centenas de populares daquele concelho manifestaram-se hoje junto às instalações do serviço desconcentrado do Ministério da Saúde, cantando "Grândola Vila Morena" e exigindo a "subida de divisão" dos serviços de Saúde no município, onde 10.000 utentes não têm médico atribuído.
Contactada pela Lusa, a administração da ARS Norte não quis prestar declarações sobre a manifestação de hoje nem sobre a reunião com os representantes da autarquia.