A Câmara de Lisboa deve 674 mil euros à Movijovem por serviços prestados durante a pandemia, garante ao JN a cooperativa que gere 42 pousadas da juventude. O problema é que, segundo o município, não há nenhum contrato escrito que o comprove. O acordo verbal terá sido realizado no anterior executivo, mas o atual deu-lhe continuidade até fevereiro deste ano. A autarquia ainda não encontrou forma de pagar esta fatura.
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A Movijovem cedeu as instalações das duas pousadas da juventude de Lisboa ao município para o alojamento de sem-abrigo e imigrantes que não tinham onde ficar, durante a fase crítica da pandemia, e de bombeiros e funcionários da proteção civil que não queriam dormir em casa por causa do risco de contagiar a família.
A autarquia acabou por usar os equipamentos durante dois anos, entre março de 2020 e fevereiro de 2022, tendo estes só retomado as funções normais em março deste ano.
Agora, chegou uma fatura de 674 mil euros referente aos "custos de funcionamento das pousadas e de recuperação das instalações do desgaste sofrido e reposição dos equipamentos deteriorados ou removidos pela Câmara de Lisboa", explica o organismo destinado a apoiar o turismo juvenil em Portugal.
Acordo verbal para situações urgentes
Não há, contudo, documentação escrita que comprove as despesas suportadas e agora exigidas pela Movijovem. Segundo o que o JN apurou, o acordo terá sido verbal para acelerar soluções que, no início da pandemia, eram mais urgentes.
A cooperativa garante que tem "vindo a contactar o executivo camarário, por forma a encontrar a melhor forma de ver a Movijovem compensada pelos custos que teve com esta operação municipal".
A autarquia diz ao JN que "até ao momento não foi encontrada a solução para a dívida reclamada". "Este é um assunto que terá sido aparentemente acordado entre o anterior Executivo liderado por Fernando Medina e a Movijovem, não tendo sido feito qualquer contrato ou procedimento que acautelasse devidamente o referido pagamento", esclarece a Câmara de Lisboa.