A aquisição das instalações da Fábrica da Moagem do Marco, conhecida por Electro Moagem do Marco, no lugar da Estação, foi negociada pela Câmara do Marco de Canaveses por 1,7 milhões de euros. "É uma oportunidade imperdível de adquirir e requalificar um edifício que marca o imaginário dos marcuenses", considera a Câmara presidida por Cristina Vieira (PS).
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A proposta de compra teve a abstenção do PSD/CDS e de Bruno Magalhães, o vereador PS a quem a presidente da Câmara retirou os pelouros. Este último entende que "apenas existe um conjunto de intenções para ocupar aquele espaço"", argumento que também terá sido usado pela coligação. Francisco Vieira, líder da coligação, não respondeu aos contactos do JN.
A autarquia diz que o espaço com 5820 m2 de área irá acolher "um centro multifacetado" de desenvolvimento ao nível da economia, formação e cultura, nomeadamente uma academia profissional, formação pós-secundária não superior (cursos de especialização tecnológica) e um anfiteatro.
A Câmara explica que "o conjunto dos prédios urbanos e rústicos" da antiga fábrica "foram avaliados em 3,4 milhões de euros mas, após negociações, foi possível a alienação por 1,7 milhões de euros".
Recuperar a centralidade
O interesse na aquisição desta fábrica, diz Cristina Vieira, surge no seguimento da estratégia do Município na regeneração da zona da Estação da CP onde já estão a ser investidos 700 mil euros.
"Um polo económico e cultural como aquele que projetamos para este imóvel, junto à Linha do Douro, pode vir a ser o elemento acelerador para que a Estação e Rio de Galinhas recuperarem a centralidade".
A Fábrica da Moagem do Marco encerrou em 1999 após um processo de insolvência. Acabaria mais tarde por ser adquirida por um industrial da panificação do concelho com negócios em Newark, nos Estados Unidos, com objetivo de construir uma fábrica exportadora de pão congelado. O projeto nunca saiu do papel.
Intervenção de forma faseada
Bruno Magalhães, vereador do PS, diz que não pode "nem ser cúmplice", do negócio de compra e do investimento na recuperação do espaço que, a preços atuais, ficará por "um valor superior a 16,2 milhões de euros, quando o Município tem prioridades básicas, como o litígio com as Águas Marco, cuja indemnização ultrapassa os 16 milhões de euros".
O valor de 16,2 milhões resulta dos cálculos feitos pelo próprio: aos 1,7 milhões da compra, Magalhães somou a requalificação dos 5820 m2, com o preço atual de 2500 euros o m2.
A autarquia diz que ainda é cedo para apurar o valor da requalificação e que "a intervenção poderá acontecer de forma faseada e com base nos fundos comunitários".