A Câmara do Porto condenou esta terça-feira de forma "veemente" a agressão a uma jovem por um segurança da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), classificando o sucedido como um "intolerável ato de violência racista".
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Numa moção apresentada pelo PS, aprovada por unanimidade em reunião pública do executivo municipal, a autarquia manifesta ainda solidariedade à jovem pela "covarde agressão" de que foi vítima e alerta o Governo e a Assembleia da República para a revisão "urgente" da lei que regula as empresas de segurança privada, de modo a assegurar que o recrutamento, formação dos profissionais e acompanhamento correspondem aos padrões éticos adequados a um estado de Direito.
O vereador socialista Manuel Pizarro considerou que é "imperioso" condenar todas as manifestações de racismo e xenofobia, para que o Porto mantenha intactos os seus "pergaminhos" de cidade da liberdade, da tolerância e da solidariedade. Pizarro referiu ainda que este "intolerável ato de violência racista é raro na cidade", não havendo praticamente relato deste tipo de situações e não caracterizando o funcionamento da STCP e o comportamento da maioria dos trabalhadores e colaboradores.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, assumiu que todas as pessoas se sentem preocupadas e comovidas com situações desta natureza. O autarca criticou o facto de se ter dado a entender que o Porto é uma cidade racista. "É vergonhoso como é dado a entender que o Porto acordou racista", sublinhou.
Também o PSD, através do vereador Álvaro Almeida, repudiou a agressão, entendendo que converter um ato individual em algo institucional é um "passo errado".
Já Ilda Figueiredo da CDU realçou que este é um problema que está subjacente em muitas zonas do país, exigindo de todos um grande empenho, nomeadamente na educação para a cidadania e direitos humanos. Na sua opinião é necessário dar formação às pessoas que estão em contacto com o público.
Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida em Portugal, mas de ascendência colombiana, alega ter sido violentamente agredida e insultada na madrugada de 24 de junho, no Porto, por um segurança da empresa 2045 a exercer funções de fiscalização para a empresa STCP.
Depois de o caso se ter tornado público, inicialmente pelas redes sociais e depois pelos jornais, a SOS Racismo condenou a agressão à jovem Nicol Quinayas, que reside em Gondomar, no distrito do Porto.
O Ministério Público abriu já um inquérito para investigar o caso, revelou na semana passada a Procuradoria-Geral da República (PGR), numa resposta escrita à Lusa.
Também a empresa de segurança privada 2045 já anunciou que iniciou um processo de averiguações interno relacionado com a agressão.
Na próxima quinta-feira, o Festival Feminista do Porto promove uma concentração contra o racismo em frente à sede da STCP.