A Câmara do Porto defende a concessão a privados do Coliseu do Porto. Uma estratégia semelhante à que foi seguida para o Pavilhão Rosa Mota e que merece a concordância do ministro da Cultura. Pedro Adão e Silva considera que o modelo é "virtuoso" e poderá ser uma solução para as obras infraestruturais de que a sala de espetáculos necessita.
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A Câmara do Porto propôs em reunião da direção da Associação Amigos do Coliseu realizada na segunda-feira que se inicie o procedimento de tramitação, permitindo lançar um concurso público com vista à concessão da sala de espetáculos. O objetivo é que o Coliseu passe a ter um modelo de gestão igual ao seguido para o Pavilhão Rosa Mota, ficando o privado que vencer o concurso responsável pela reabilitação, requalificação e exploração do equipamento. Fonte ligada ao processo assegura que esta vontade da Autarquia de Rui Moreira é acompanhada pelos restantes membros da direção, nomeadamente o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, e até o próprio ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Ao JN, Pedro Adão e Silva confirma o apoio dado a Rui Moreira. "O Ministério da Cultura vai acompanhar a posição da Câmara do Porto porque é a instância que melhor está posicionada para tomar opções desse tipo e fazer essa escolha", explica o governante, acrescentando que "o ministério não tem nenhum preconceito nem contra o modelo de gestão, nem quanto a forma de financiamento para reabilitação".
Pedro Adão e Silva recorda que já há muito que a direção da Associação Amigos do Coliseu tinha assumido a mesma posição. "Essa decisão é favorável à concessão e preservará a defesa do interesse público e também aquilo que é a posição da associação do ponto de visita da programação". A vontade é que os Amigos do Coliseu fiquem com uma 'slot' de horas ou semanas para incluir a sua programação.
Contactada pelo JN, a presidente da direção não se mostra surpreendida com o desenvolvimento do processo e só "lamenta o atraso com que a decisão será tomada uma vez que a sala precisa de obras de recuperação".
Recorde-se que foi a 13 de março de 2020 que os membros da Associação Amigos do Coliseu do Porto, em Assembleia Geral, decidiram mandatar a Direção para lançar concurso público com vista à concessão do Coliseu do Porto, "tendo como objeto principal a reabilitação, requalificação e exploração do equipamento".
Contudo, a 19 de abril de 2021, a Câmara do Porto e o Governo, através do Ministério da Cultura, em conferência de imprensa, comunicaram, que em partes iguais, pretendiam assumir o custo das obras de reabilitação do Coliseu Porto Ageas, orçadas em cerca de 3,5 milhões de euros. A solução acabou por não concretizar-se.
À exceção de intervenções pontuais, nas suas oito décadas de história, nunca o Coliseu do Porto recebeu qualquer intervenção estrutural. "O importante é que se mantenha aquilo que faz parte da sua história e da sua programação de ópera e bailado, do circo por alturas do Natal e dos concertos promenade", refere Mónica Guerreiro.
A programação e receitas, contudo, parecem não chegar para as tão necessárias obras. Há infiltrações na cobertura e estuques a cair ao ponto de se ter instalado uma rede para que os pedaços não atinjam ninguém. Nem a recente associação à seguradora AGEAS, através de um programa de patrocínio considerável, suporta os montantes que são necessários para o restauro e a necessária reabilitação.